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Angela Merkel pede “via civil” para continuar a retirar pessoas do Afeganistão

A chanceler, que amanhã emitirá no Bundestag uma declaração do seu governo sobre a crise afegã, insistiu que devem poder prosseguir em Cabul as operações de transporte e evacuação, após a retirada do exército norte-americano.
24 Agosto 2021, 21h32

A chanceler alemã, Angela Merkel, exortou esta terça-feira à procura de uma “via civil” para se poder continuar a retirar pessoas do Afeganistão após a retirada do exército norte-americano, sem cujo apoio estas operações não poderão manter-se.

“O presidente dos Estados Unidos não nos deu qualquer nova data além da já conhecida, 31 de agosto”, declarou a dirigente alemã, no final da reunião por videoconferência dos líderes do G7, convocada pela presidência em exercício do grupo, ocupada pelo Reino Unido.

Os países do G7 exigirão aos talibãs “passagem segura” para as pessoas que quiserem abandonar o Afeganistão depois de 31 de agosto, tinha antes indicado o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.

Merkel, que amanhã emitirá no Bundestag (parlamento federal) uma declaração do seu executivo sobre o Afeganistão, insistiu que devem poder prosseguir em Cabul as operações de transporte de civis estrangeiros e afegãos para fora do país, já que o objetivo é “pôr a salvo quantas pessoas necessitadas de proteção for possível”.

O Governo da chanceler aprovou há uma semana, com urgência, um novo mandato para a participação de até 600 soldados nestas operações.

Esse diploma deverá ser ainda votado pelo parlamento, ao qual na Alemanha se submete qualquer intervenção com estas características, mas, neste caso, sê-lo-á de forma retroativa.

Tanto o ministro dos Negócios Estrangeiros, o social-democrata Heiko Maas, como a ministra da Defesa, a conservadora Annegret Kramp-Karrenbauer, alertaram para a necessidade de dialogar com os talibãs, já que, de outra forma, não se poderá completar a retirada de civis.

A retirada militar dos Estados Unidos não deve significar “o fim das hipóteses de retirar as pessoas que precisam da nossa proteção, [pelo que] teremos de seguir caminhos que não queríamos trilhar”, afirmou Maas, referindo-se a um tal diálogo.

Até agora, o exército alemão retirou de Cabul mais de 3.900 pessoas de 45 nacionalidades, das quais cerca de 1.900 eram afegãos e 380 alemães.

Estima-se que continuem no país pelo menos 100 alemães e até 10.000 afegãos que a Alemanha está a tentar de lá retirar, entre colaboradores locais e respetivas famílias.

Essas operações estão a ser levadas a cabo com três aviões de carga A400M do exército alemão, que voam dia e noite entre Cabul e Tashkent, no Uzbequistão.

Dessa cidade, os passageiros são levados para a Alemanha em aparelhos da companhia aérea Lufthansa, que até segunda-feira tinha transportado cerca de 1.500 pessoas.

Em paralelo com a ponte aérea realizada pelo exército alemão, a base militar norte-americana de Ramstein, no sul da Alemanha, transformou-se num ponto de destino provisório para milhares de afegãos transportados pelo exército dos Estados Unidos.

Foram montadas tendas para alojar cerca de 10.000 pessoas, indicaram fontes dessa base no início das operações.

Segundo a imprensa alemã, até agora chegaram à base cerca de 7 mil afegãos.

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