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Angola não deverá ter melhoria do rating em 2025

Previsão é da consultora Oxford Economics e é justificada com o facto de os gastos com os subsídios e os pagamentos dos juros da dívida terem acima das projeções, o que levou o Ministério das Finanças a prever um défice orçamental de 1,5% em 2024, pior do que o orçamento aprovado há um ano, que previa contas equilibradas.
2 Dezembro 2024, 12h40

A consultora Oxford Economics considerou hoje que o ‘rating’ de Angola não deverá melhorar durante o próximo ano, na sequência da degradação da opinião da Moody’s sobre a evolução da economia angolana, de Positiva para Estável.

“Todas as três maiores agências de notação financeira têm uma Perspetiva de Evolução Estável; considerando isto e a contínua vulnerabilidade aos choques cambiais e dos preços petrolíferos, acreditamos que é improvável que o ‘rating’ de Angola vá melhorar em 2025”, escrevem os analistas do departamento africano desta consultora britânica.

Na nota enviada aos clientes, e a que a Lusa teve acesso, a Oxford Economics escreve que “a decisão da Moody’s segue-se à aprovação do Orçamento Geral do Estado para 2025, em novembro, que mostra que o Governo está a debater-se para manter as suas despesas controladas, no contexto de fraqueza da moeda e elevada inflação”.

Em particular, sublinham os analistas, os gastos com os subsídios e os pagamentos dos juros da dívida ficaram acima das projeções, o que levou o Ministério das Finanças a prever um défice orçamental de 1,5% em 2024, pior do que o orçamento aprovado há um ano, que previa contas equilibradas.

A nota da Oxford Economics surge depois de a agência de notação financeira Moody’s ter piorado a perspetiva de evolução da economia de Angola, de Positiva para Estável, mantendo o rating em B3, devido ao abrandamento da consolidação orçamental e à elevada dívida pública.

“A decisão de mudar o ‘outlook’ para Estável reflete a nossa expetativa de um ritmo mais lento de consolidação orçamental do que o previsto anteriormente, com o risco de uma deterioração do peso e serviço da dívida motivado pela depreciação do kwanza a continuarem elevados”, escrevem os analistas na nota divulgada na sexta-feira à noite.

No anúncio da decisão, a Moody’s escreve que o nível do ‘rating’ mantém-se em B3, abaixo da linha de recomendação de investimento, num contexto em que Angola deverá continuar a registar ligeiros défices orçamentais nos próximos anos, apesar de um crescimento mais forte do Produto Interno Bruto a curto prazo, e condições favoráveis no setor petrolífero.

“O rácio da dívida sobre o PIB deverá estabilizar-se num patamar mais alto que o previsto, ligeiramente abaixo dos 60% do PIB, ainda assim muito mais baixo que no final de 2020, quando o rating de Angola era Caa1”, escreve a Moody’s, acrescentando que “as melhorias na vulnerabilidade externa são também mais limitadas que o previsto, com a volatilidade cambial a permanecer elevada”.

A degradação do ‘outlook’ para Angola significa que a Moody’s não prevê subir nem descer, nos próximos 12 a 18 meses, o rating do país, num contexto em que os riscos de refinanciamento da dívida desceram, mas o Governo continua a enfrentar um perfil de dívida desafiante, incluindo pagamentos significativos de dívida bilateral.

Neste sentido, em conjunto, este cenário mostra que “os riscos são equilibrados para o nível de rating B3”, nível de indicadores macroeconómicos, a Moody’s prevê que Angola cresça 3% este ano e 3,3% em 2025, acelerando face aos 1% registado em 2023, e que a dívida pública fique perto de 60% do PIB até 2026.

O Governo terá um défice orçamental primário à volta de 2,8% entre 2024 e 2026, abaixo dos 7% estimados anteriormente, e as receitas medidas em percentagem do PIB também vão diminuir.

A Moody’s antevê que a produção petrolífera se mantenha nos níveis atuais de 1,1 milhões de barris por dia, mas os preços deverão cair face aos valores de 2023, o que influencia a receita para os cofres do Estado.

“Antevemos um declínio mais gradual no peso da dívida; a partir de 2025 o rácio da dívida face ao PIB vai continuar apenas marginalmente abaixo dos 60%, mais elevado que a nossa previsão anterior de à volta de 40%”, concluem os analistas da Moody’s.

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