Numa altura em que Angola sofre com falta de combustíveis nas bombas, o presidente João Lourenço demitiu o líder da petrolífera estatal. Para suceder a Carlos Saturnino foi nomeado Sebastião Pai Querido Gaspar Martins, que já integra a administração da Sonangol.
A Casa Civil do Presidente da República anunciou em comunicado, citado pela Lusa, que João Lourenço exonerou por decreto “todas as entidades” que integram o conselho de administração da Sonangol. A única razão apontada para as exonerações é “conveniência de serviço público”, precisamente numa altura em que os cidadãos e empresas de um país produtor de petróleo sofrem com falta de combustível.
A escassez de combustível provocou no último fim-de-semana longas filas de espera junto de praticamente todos os postos de combustíveis em Angola, e que fez disparar o preço do litro da gasolina no mercado paralelo, levou o Presidente da República angolano, João Lourenço, a pedir um relatório detalhado sobre a falta de combustíveis que se regista no país, com a vista a rápida regularização do fornecimento.
A informação foi avançada pelo Jornal de Angola que dá também conta de que a Sonangol tem desde sábado dois navios da sua frota de importação atracados na Base da Sonils, no Porto de Luanda, a descarregarem combustíveis “suficientes para o consumo de um mês”.
Angola é um país produtor de petróleo, com a produção diária a atingir uma média de 1,505 milhões de barris de petróleo de crude em 2018, segundo dados da Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP), citados pela Lusa.
Segundo o Jornal de Angola noticiou na terça-feira, 7 de maio, o Chefe de Estado angolano convocou, ao Palácio Presidencial, os ministros dos Recursos Minerais e Petróleos, Diamantino Azevedo, Energia e Águas, João Baptista Borges, e Finanças, Archer Mangueira, bem como o governador do Banco Nacional de Angola (BNA), José de Lima Massano, e o presidente da petrolífera Sonangol, Carlos Saturnino. O Presidente pediu esclarecimentos precisos sobre a falta de combustíveis no país, solicitando um relatório “detalhado”.
A Sonangol admitiu no sábado que a dificuldade no acesso às divisas para a cobertura dos custos com a importação de produtos refinados é um dos fatores da escassez de combustíveis. Em comunicado, a petrolífera angolana recorda que procede à importação de derivados mediante pagamento em divisas, para a venda ao mercado nacional em kwanzas.
À dificuldade de acesso às dividas soma-se ainda a elevada dívida dos principais clientes do segmento industrial, que consome cerca de 40% da totalidade do combustível, cuja falta de pagamento acaba por condicionar também a disponibilidade de kwanzas para a aquisição de moeda estrangeira.
Em consequência, no passado fim-de-semana, o preço do litro da gasolina disparou para 500 kwanzas (1,36 euros), contra os habituais 160 kwanzas (0,43 euros).
O Jornal de Angola noticia também que nesta segunda-feira, 6 de maio, foi realizada uma reunião entre a Sonangol e o BNA, depois de sábado a companhia ter alegado a falta de divisas de importar combustíveis. Num comunicado emitido a 4 de maio para explicar os problemas de abastecimento, a petrolífera angolana evoca “dificuldades no acesso a divisas para a cobertura dos custos para a importação de refinados”.
A Sonangol tem desde sábado dois navios da sua frota de importação atracados na Base da Sonils, no Porto de Luanda, a descarregarem combustíveis “suficientes para o consumo de um mês”, avança o Jornal de Angola, citando uma fonte da companhia que prevê a regularização do fornecimento “nas próximas horas”.
No quadro dos procedimentos, o combustível é descarregado para uma central de armazenamento e depois transportado para os postos de abastecimento, com o que a Sonangol prevê que, até esta quarta-feira, 8 de maio, os fornecimentos estejam regularizados.
Angola produz na Refinaria de Luanda, a única que possui, apenas 20% dos derivados de petróleo que consome, importando os restantes 80%. De acordo com números divulgados em abril, no primeiro trimestre deste ano, a Sonangol gastou 221,4 milhões de dólares a importar produtos derivados do petróleo para suprir a procura do seu mercado interno, a uma média de 73,8 milhões de dólares por mês, o que deve estar próximo dos valores da importação que está a ser descarregada na Base da Sonils.
https://jornaleconomico.pt/noticias/angola-produz-15-milhoes-de-barris-de-petroleo-por-dia-mas-esta-com-falta-de-combustiveis-441296
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