Angola regista perdas anuais de até 500 milhões de dólares (424,4 milhões de euros) com a pesca ilegal, um dos principais desafios do setor, avançou hoje a ministra das Pescas e dos Recursos Marinhos.
Em declarações à imprensa, Carmen dos Santos sublinhou que estas perdas não decorrem somente do processo de pesca, mas afetam toda a cadeia de valor, fora do controlo das autoridades.
A ministra participou hoje na abertura da V Conferência Economia e Mercado sobre Economia Azul, com o tema “Financiamento e Valorização do Cluster do Mar”, que analisou a “Proteção e Fiscalização à Transformação dos Recursos Marítimos”.
“(O pescador) pesca de forma ilegal, mas introduz o pescado na cadeia. Vai para os mercados e aí não é contabilizado como um produto que veio dentro da lei e aí a cadeia toda vai seguindo”, disse a ministra, salientado que a questão preocupa o Governo, que está a alinhar a fiscalização.
Segundo a ministra, apesar de algumas dificuldades, os dados de 2024 indicam progressos no setor, tendo sido registado um volume de produção de 540 mil toneladas, contra as 521 mil toneladas atingidas em 2023.
A aquicultura produziu mais de 12 mil toneladas, em 2024, com destaque para a província do Uíje, com alguma relevância também para novos centros no Cuanza Sul e Huambo, tendo a produção de sal alcançado as 210 mil toneladas, com Benguela a liderar este segmento.
O empresário angolano Adérito Areias, do ramo da pesca e produção de sal, destacou que já se exporta sal para a vizinha República Democrática do Congo e para a Zâmbia, estando em vista a abertura de uma oportunidade para a Europa, com a exportação de sal orgânico, produzido em Angola na argila.
“Eu penso que este ano Benguela vai chegar muito perto das 500 mil toneladas de sal, sem problemas nenhuns”, disse.
No que se refere à exportação, a ministra avançou no seu discurso que, em 2024, Angola exportou 22 mil toneladas, no valor de 65 milhões de dólares (55,1 milhões de euros), um aumento comparativamente a 2023, ano em que foram exportadas 20 mil toneladas, no valor de 60,9 milhões de dólares (51,6 milhões de euros).
Relativamente à importação, a governante angolana destacou que houve uma redução para 1.900 toneladas.
A titular da pasta das Pescas e Recursos Marítimos de Angola destacou, no capítulo das infraestruturas, as obras de três novos portos pesqueiros em Cabinda, Cuanza Sul e Namibe, bem como a requalificação do porto de Luanda, com uma lota moderna de primeira venda.
Sobre as infrações, Carmen dos Santos disse que, em 2023, foram registados 169 casos, mas em 2024 o número caiu 15%, fruto de melhorias organizacionais, como o reforço da fiscalização.
“O balanço de 2023 e 2024 mostra progressos: mais produção, mais exportações, inclusão social, ciência reforçada, infraestruturas em andamento, cooperação internacional e conservação ambiental”, referiu a ministra.
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