O primeiro-ministro António Costa afastou neste sábado qualquer entendimento com o PSD de Rui Rio para o resto da legislatura, sem nunca nomear a quem se dirigia ao dizer que “cada um é livre de seguir o seu caminho, mas que o faça sem haver equívocos” e sem “condicionar o seu comportamento por achar que o outro vai agir de uma certa forma”. “Que fique claro desde agora: connosco não haverá Bloco Central”, garantiu o líder socialista durante a primeira reunião da Comissão Nacional do partido desde o início da pandemia de Covid-19.
“Haverá uma continuidade da política que seguimos desde 2015”, acrescentou o primeiro-ministro, um dia depois de o Orçamento Suplementar ter sido aprovado graças às abstenções do PSD, Bloco de Esquerda e PAN, e com os ex-parceiros de “geringonça” PCP e PEV a juntarem-se ao CDS-PP, à Iniciativa Liberal e ao Chega na rejeição do documento elaborado pelo ex-ministro das Finanças, Mário Centeno, e defendido pelo sucessor (e ex-secretário de Estado do Orçamento, João Leão).
“Quero deixar claro que não mudei de ideias desde que me candidatei a secretário-geral do PS, em 2014. O Bloco Central não é a solução para a governação e o país precisa de que haja sempre alternativas claras no campo democrático. É por isso que na preparação do Orçamento do Estado para 2021, mas também no horizonte desta legislatura deve haver uma estabilidade renovada que deve ser construída com o PCP, o Bloco de Esquerda, o PEV, e se o PAN quiser também será bem-vindo”, disse ainda.
Entre os desafios que a governação socialista vai enfrentar nos próximos meses, António Costa destacou a “recuperação da economia sem deixar descontrolar a pandemia”, apelando ao cumprimento das regras de segurança e prevenção para minorar o número de novos casos de Covid-19, “que continuará a ser uma ameaça até haver vacina ou tratamento eficaz”. O primeiro-ministro assumiu que continua a poder haver contágio “num lar, numa empresa, num bairro ou em qualquer local”, numa “guerra que não está ganha e em que não podemos deixar cair os braços”.
Sem esquecer a TAP, que comparou a outras transportadoras aéreas europeias afetadas pela crise da aviação, como a Air France e a KLM, e o arranque do próximo ano letivo, salientando que “ficou claro como a falta de ensino presencial aumenta as desigualdades sociais e diminui a qualidade da aprendizagem”, o primeiro-ministro destacou a importância da “batalha no seio da União Europeia para que a Europa responda de forma comum e robusta” ao impacto da crise social e económica gerada pela pandemia.
Apesar de elogiar a atuação do Banco Central Europeu e da Comissão Europeia, António Costa recordou que vários países resistem no Conselho Europeu ao programa de recuperação delineado pelo executivo de Ursula von der Leyen, pelo que “a batalha ainda não terminou”. Mas disse esperar que o documento seja aprovado ainda no decurso deste mês de junho, tal como o Quadro Financeiro Plurianual da União Europeia, o que considerou ser uma necessidade para o conjunto dos Estados-membros e não apenas para Portugal e restantes países do sul da Europa. “Todos somos essenciais: é muito importante para os que mais estão a sofrer com a crise e não menos importante para os que mais beneficiam do mercado interno”, realçou.
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