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António Costa sobre Amazónia: “O Brasil precisa de solidariedade e não de sanções”

“A Amazónia é um dos maiores pulmões do mundo e o que lá acontece é um problema global”, afirmou António Costa aos jornalistas, aquando de uma visita à Fatacil, em Lagoa.
  • António Costa/Twitter
23 Agosto 2019, 19h40

O primeiro-ministro apelou esta sexta-feira à “total solidariedade” com o Brasil e com o povo brasileiro perante a situação “dramática” que está a viver na Amazónia. “A Amazónia é um dos maiores pulmões do mundo e, portanto, o que lá acontece é algo que diz respeito a todos os cidadãos, é um problema global”, afirmou António Costa esta tarde aos jornalistas, aquando de uma visita à Fatacil, em Lagoa, no Algarve.

O chefe do Executivo português manifestou a disponibilidade de apoio para enfrentar os incêndios e defendeu que “o Brasil precisa de solidariedade e não de sanções”. Em declarações aos meios de comunicação social, António Costa aconselhou também a não confundir o “drama que está a ser vivido neste momento na Amazónia” com o acordo entre a União Europeia e a Mercosul.

“É um acordo comercial muito importante para a economia portuguesa, que teve mais de 20 anos a ser negociado, em que finalmente houve um acordo, em julho (…). A tragédia não deve ser utilizada por aqueles países que sempre se opuseram para reabrir o tema”, alertou o primeiro-ministro português, lembrando a historial de relações fraternas entre os dois países [Portugal e Brasil].

A Amazónia arde há 19 dias consecutivos. A zona responsável por 20% do oxigénio produzido a nível mundial tem marcado a agenda mediática devido aos intermináveis fogos florestais. Um abaixo-assinado no website ‘Change’ pretende recolher um total de seis milhões de assinaturas para “impedir o desmatamento e exploração da Amazónia”. Esta petição já reúne perto de cinco milhões de subscrições que estão contra a destruição da “maior biodiversidade numa floresta tropical no mundo”.

Na descrição da petição, a descrição aponta o dedo a uma notícia publicada pela ‘G1’ da Globo, em que Jair Bolsonaro defendeu a exploração da Amazónia, enquanto ainda realizava a sua campanha eleitoral em agosto do ano passado. Numa entrevista à ‘Rede Amazónica’ da TV Globo, o agora presidente do Brasil defendeu a exploração da floresta tropical pelo agronegócio, criticando a fiscalização ambiental em excesso às áreas protegidas que atrapalhavam o desenvolvimento do Brasil.

“O Brasil não suporta ter mais de 50% do território demarcado como terras indígenas, juntamente com áreas de preservação ambiental, com parques nacionais. E essas reservas todas atrapalham o desenvolvimento”, sustentou o presidente brasileiro.

Jair Bolsonaro está a ser criticado publicamente por alegar não ter recursos para apagar os fogos. “A Amazónia é maior que a Europa, como vamos combater os incêndios criminosos numa área como essa?”, perguntou ele aos repórteres, afirmando que “nós não temos recursos para isso”.

O jornal brasileiro “Folha do Progresso” avançou que os incêndios tiveram origem na operação ‘Dia do Fogo’, originada por um conjunto de criadores de gado, que combinaram atear fogo à floresta. A publicação avança que a reunião dos criadores aconteceu cinco dias antes do início dos incêndios.

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