António Galamba, ex-braço direito do antigo secretário geral do PS, desenterrou o fantasma do “poucochinho” no rescaldo nas eleições europeias ao defender que “agora sim, o poucochinho voltou” face ao resultado alcançado pelos socialistas de 33,39% dos votos com uma evolução inferior à registada nas eleições de 2014 e que fica apenas 5,26 pontos percentuais acima da soma de votos do PSD e CDS , que concorreram em coligação há cinco anos. António José Seguro recusa comentar os resultados e se partilha da opinião do seu antigo dirigente socialista.
“Não faço nenhuma declaração sobre política”, afirmou ao Jornal Económico o ex-secretário geral do PS quando questionado se partilhava da opinião do antigo membro da Comissão Política do partido, António Galamba, que nesta segunda-feira, 27 de maio, escreveu um artigo de opinião publicado no JN intitulado “Agora sim, o poucochinho voltou”.
O antigo dirigente, que Costa afastou da lista de deputados, destacou ainda, no artigo de opinião, que o PS obteve nestas eleições europeias uma margem apenas “ligeiramente superior à vantagem” conseguida há cinco anos pelo anterior secretário-geral, António José Seguro. Uma vitória apelidada, em 2014, por António Costa como “poucochinha”. Ontem, o primeiro-ministro considerou a votação alcançada pelo PS como “expressiva, clara e inequívoca”.
Há cinco anos o PS de António José Seguro, ganhou as eleições europeias com 31,4%. Três dias depois, Costa anunciou a disponibilidade para ser secretário-geral do partido. O socialista António José Seguro nunca mais falou de política, desde que foi derrotado nas eleições directas para secretário-geral do PS por António Costa em 2014.
“A vitória [do PS] não é nem clara nem grande, é menos que poucochinho para quem colocou a fasquia das legislativas na obtenção de uma maioria absoluta”, escreveu António Galamba, que foi um dos mais relevantes membros da direção socialista com António José Seguro, no artigo de opinião publicado no JN, após os resultados ontem alcançados pelos socialistas nas eleições europeias: 33,39%, contra os 31,46% alcançados em 2014
Sobre estes resultados, António Galamba, que se opôs à formação da geringonça, defende que o PS evoluiu a um ritmo inferior face às eleições de há cinco ano. “É também poucochinha porque em 2014 o PS evoluiu de 26,58% para 31,46%. E agora?”, questiona em referência aos 33,39% de votos agora alcançados que representam mais 1,93 pontos percentuais (p.p) face à evolução registada em 2014 de 4,88 p.p.
O ex-braço direito de Seguro lembra também que a margem de vitória de 2019 é inferior à obtida há cinco anos, quando o PS enfrentou uma coligação do PSD com o CDS, pelo que, diz, “a comparação deve ser feita com a soma dos resultados individuais do PSD e CDS nestas eleições”. Contas feitas – com estes dois partidos a somarem 28,13% dos votos em 2019, contra 27,7% em 2014 – António Galamba conclui: “E a soma dá uma margem inferior ou ligeiramente superior à vantagem de 3,75% obtida em 2014 [diferença entre os 31,46% do PS e 27,7% do PSD]”. Nas eleições europeias deste ano, a margem entre o resultado do PS e do PSD/CDS, fixou-se em 5,26.
O ex-dirigente do PS conclui, por isso, que “a vitória não é clara nem grande, é menos que poucochinho para quem colocou a fasquia das legislativas na obtenção de uma maioria absoluta”, realçando que “o BE sobre mais do que o PS”. Para António Galamba este partido de esquerda “é o grande vencedor do exercício de suporte do Governo no Parlamento e de demarcação no terreno, obtendo, pelo impulso eleitoral conseguido, um desequilíbrio na solução do Governo ao projectar o PCP para um resultado em linha com as últimas eleições autárquicas.
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