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Antonio Pigafetta: “A primeira viagem em redor do mundo”

Pigafetta, nobre italiano, cronista, explorador e geógrafo ao serviço da República de Veneza, foi também um dos 18 sobreviventes do único navio de uma frota de cinco e 237 homens, ao serviço da Coroa espanhola. Uma viagem narrada por quem a viveu.
Marta Teives
22 Fevereiro 2020, 10h20

 

“Quis então sacar da sua espada, mas tal foi-lhe impossível, porque tinha o braço direito gravemente ferido. Os indígenas, que perceberam isso, dirigiram-se todos na sua direcção, tendo-lhe um deles infligido um golpe de sabre tão grande na perna esquerda que ele caiu de bruços, e no mesmo instante os ilhéus atiraram-se para cima dele. Foi assim que pereceu o nosso guia, o nosso farol e o nosso sustento. Quando caiu e se viu rodeado pelos inimigos, virou-se várias vezes para nós para ver se nos tínhamos salvado.”

É com estas palavras que Antonio Pigafetta narra a morte de Fernão de Magalhães, durante uma batalha com os habitantas da ilha de Matan, nas Filipinas, a 27 de abril de 1521. Quase dois anos antes, am agosto de 1519, Magalhães lançara-se numa tremenda aventura, à frente de uma frota de cinco navios e 237 homens, ao serviço da Coroa espanhola. Tinha início a primeira viagem em redor do mundo, que abriria novas rotas de navegação e alteraria os mapas existentes até então.

Embarcado como representante da corte de Veneza, Antonio Pigafetta celebrizar-se-ia como cronista da viagem. No regresso a Espanha, em setembro de 1522, seria um dos 18 sobreviventes do único navio a que a frota ficara reduzida. O relato – reescrito entre 1522 e 1525, dado que perdera o seu diário original – foi publicado em Veneza, em 1536, dois anos após a morte do seu autor, tendo o sucesso editorial sido imediato.

Nascido em Vicenza por volta de 1490, Antonio Pigafetta foi um nobre italiano do Renascimento que exerceu funções de cronista, explorador e geógrafo ao serviço da República de Veneza. Foi também cavaleiro da Ordem de Malta, e considera-se que terá sido o primeiro europeu a relatar a descoberta do estreito que viria a receber o nome do navegador português. Em 1518 foi viver para Espanha e, devido ao seu interesse pela cartografia em particular e à sua curiosidade em geral, junta-se a esta expedição que Espanha patrocinava pois pretendia encontrar uma rota alternativa para as Índias e, assim, controlar o lucrativo comércio de especiarias.

Após o regresso, encontra-se sucessivamente com Carlos I de Espanha (que era simultaneamente Carlos V, Imperador do Sacro Império Romano Germânico), com o rei português D. João III e Luísa de Sabóia, mãe de Francisco I e na altura regente de França, dado que o filho estava em Itália. Toda a realeza o ignorou olimpicamente pelo que, esgotado e frustrado, volta a Itália onde viria a morrer, por volta de 1531, de causas desconhecidas (e portanto, para alguns, misteriosas). Uma edição da Oficina do Livro.

Eis a sugestão de leitura desta semana da livraria Palavra de Viajante.

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