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António Saraiva: “A grelha de partida de que partiremos no pós-pandemia é desigual”

O presidente da CIP argumenta que o Plano de Recuperação português pode ter uma estrutura semelhante à de outros países europeus, como a Alemanha, mas o ponto de partida não é igual, uma vez que Portugal foi o 26º país da União Europeia nos apoios à economia.
  • Cristina Bernardo
17 Março 2021, 17h45

O presidente da CIP – Confederação Empresarial de Portugal, António Saraiva, disse esta quarta-feira que os apoios do Governo à economia durante a crise pandémica foram dos mais baixos da União Europeia, o que se irá traduzir num ponto de partida diferente para a execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

“Se comparamos o PRR e a sua tipologia com outras realidades europeias é bom que igualmente comparemos as ajudas que foram dadas à economia durante o estado pandémico que ainda se mantém e a grelha de partida que partiremos pós-pandemia é desigual”, disse António Saraiva numa intervenção no webinar sobre Fundos Europeus promovido pela consultora PwC e pelo Jornal Económico.

O ‘patrão’ dos patrões respondia assim ao ministro do Planeamento, Nelson de Souza, que numa comparação entre o plano de recuperação português e os planos de recuperação da Alemanha, Grécia, Itália e Espanha, defendeu que eram semelhantes, resultado das regras e orientações definidas.

Contudo, António Saraiva contrapõe que os outros países, nomeadamente a Alemanha, partem para o PRR em condições diferentes das de Portugal, “por razões óbvias da pujança da sua economia, e os apoios que deu. Não só a Alemanha, mas Itália, Grécia, o Reino Unido”, disse.

“Numa União Europeia a 28, ainda com o Reino Unido, Portugal ficava em 26º lugar no apoio à sua economia”, assinalou, exemplificando que Portugal deu apoios durante a pandemia na ordem dos 3% do PIB, “enquanto outras economias deram 16,8%, 13%, 7% [do PIB]”.

“Estes países têm uma tipologia idêntica no desenho do PRR, mas tiveram uma metodologia substancialmente diferente no apoio à sua economia durante a pandemia, o que fará com que na retoma do pós-pandemia é exigido a Portugal e às suas empresas um esforço muito maior para lá chegarmos a uma comparação das nossas economias no quadro da competitividade global”, acrescentou o responsável da confederação patronal.

O webinar sobre Fundos Europeus foi promovido pela consultora PwC e pelo Jornal Económico, com transmissão a 17 de março através da plataforma JE TV, onde continua disponível (www.jornaleconomico.pt). A intervenção de abertura foi feita pelo ministro do Planeamento, Nelson de Souza, seguindo-se uma intervenção de Pedro Deus, Global Incentives Solutions Partner da PwC.

O debate contou com a presença de Nuno Mangas, presidente do Compete 2020; António Saraiva, presidente da CIP; Ana Isabel Coelho, vogal do IEFP – Instituto do Emprego e da Formação Profissional; e Duarte de Jesus Rodrigues, vice-presidente da Agência para o Desenvolvimento e Coesão.

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