Apenas 30% dos cargos de gestão e 27% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres

A participação feminina em cargos de gestão nas empresas pode ser impulsionada pela implementação de quotas de género, como demonstrado no caso das empresas cotadas e do setor público, onde a presença feminina em posições de decisão supera a média do restante tecido empresarial.

Esse ponto foi destacado por Teresa Cardoso de Menezes, diretora geral da Informa D&B, durante a 12ª Grande Conferência da Liderança Feminina, realizada em Lisboa. Neste evento, foi apresentada a 14ª edição do estudo “Presença Feminina nas Empresas em Portugal”.

As empresas cotadas e o setor público, que têm a obrigação legal de garantir uma representação equilibrada entre homens e mulheres nos seus órgãos de administração e fiscalização, mostraram uma evolução mais acelerada em direção à paridade nos últimos anos. Atualmente, a presença feminina em cargos de decisão nas empresas cotadas é de 35%, de acordo com o European Institute for Gender Equality, um valor que se destaca em comparação com o restante do tecido empresarial.

Desde a implementação do regime de representação equilibrada em 2018, a percentagem de mulheres em conselhos de administração de empresas cotadas aumentou significativamente, superando ligeiramente a média europeia de 34% em 2024. Em contraste, a Espanha já alcançou uma taxa de 41% de mulheres em administrações de empresas cotadas, beneficiando-se de uma legislação sobre paridade que data de 2007.

Nas empresas do setor público, 83% das equipas de gestão são mistas em termos de género, refletindo uma evolução positiva de 12 pontos percentuais desde 2017. Em contraste, no setor privado, apenas 50% das equipas de gestão incluem mulheres, o que representa um retrocesso de cinco pontos percentuais no mesmo período.

O estudo da Informa D&B revela que, em termos gerais, a presença feminina em cargos de gestão e liderança no tecido empresarial tem avançado de forma praticamente nula desde 2017. Apesar de 42% dos empregados nas empresas serem mulheres, apenas 30% dos cargos de gestão e 27% dos cargos de liderança são ocupados por elas.

Adicionalmente, a situação é ainda mais desproporcional em posições de maior responsabilidade: apenas 17% das funções de direção geral são exercidas por mulheres, e apenas 16% das presidências dos conselhos de administração são ocupadas por mulheres.

As grandes empresas apresentam a menor percentagem de mulheres em cargos de gestão e liderança, evidenciando uma disparidade de género mais acentuada à medida que se avança na hierarquia. Embora essas empresas tenham a maior proporção de trabalhadores femininos, a presença de mulheres em cargos de gestão é apenas de 20%.

Em contraste, essa percentagem aumenta nas empresas de menor dimensão: nas pequenas e médias empresas (PME), a presença feminina em cargos de gestão sobe para 25%, enquanto nas microempresas atinge 33%.

As empresas lideradas por mulheres tendem a ser mais inclusivas, com 78% delas apresentando equipas de gestão mistas, enquanto apenas 22% têm equipas exclusivamente femininas. Em contraste, nas empresas lideradas por homens, apenas 48% possuem equipas de gestão mistas, e em 52% dos casos, as equipas são compostas exclusivamente por homens.

Estes dados evidenciam a necessidade de políticas e iniciativas que promovam uma maior igualdade de género nas estruturas de gestão e liderança das empresas, de acordo com a Informa D&B .