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Aquapor quer construir e explorar dessalinizadora no Sudoeste Alentejano

Operador privado de concessões de água e saneamento avançou em “joint venture” com os espanhóis da GS Inima para o concurso de 90 milhões da dessalinizadora do Algarve. Ao JE, o CEO da Aquapor revela interesse em avançar caso seja se decida avançar com a dessalinizadora no Sudoeste Alentejano, cujo custo pode chegar aos 200 milhões de euros.
31 Julho 2024, 07h30

A Aquapor, que concorre numa “joint-venture” com a espanhola GS Inima pela construção e exploração da dessalinizadora que vai nascer em Albufeira, também mostra disponibilidade em entrar num eventual concurso que seja lançado para edificar uma infraestrutura semelhante no Sudoeste Alentejano.

A revelação foi feita por António Cunha, CEO da Aquapor, ao JE: “Sem dúvida que sim. Somos um grupo com soluções em todas as áreas para o sector da água e como é óbvio estaremos presentes em todos os projetos que surjam neste âmbito em todo o país”, destacou.

De acordo com o estudo apresentado recentemente no Colóquio Hortofrutícola, promovido pela Lusomorango e em parceria com a Universidade Católica (em que o JE foi media partner), o investimento numa dessalinizadora que sirva de água o Sudoeste Alentejano pode variar entre os 125 milhões e os 200 milhões de euros. O estudo foi apresentado por Miguel Sousa Prado, português envolvido no estudo realizado pela empresa israelita da especialidade ADAN para a Associação de Horticultores, Fruticultores e Floricultores dos Concelhos de Odemira e Aljezur (AHSA).

Note-se que a dessalinizadora do Algarve, cujo concurso para construção e exploração foi lançado em meados de fevereiro, tem um preço base de 90 milhões de euros sendo que a data prevista para a conclusão da obra é 2026.

O CEO da Aquapor destaca ao JE que é importante que as autoridades em Portugal percebam a importância deste tipo de estruturas, sendo a dessalinização “uma tendência a nível mundial especialmente em países cujas atividades sofrem com a falta de água, como acontece no sul da Europa”.

Recorda António Cunha que o grupo à qual pertence a Aquapor, a Saur International, (holding do grupo francês Saur) “está presente numa das mais antigas fábricas dessalinizadoras que está nas Canárias e que serve mais de 500 mil habitantes”. Em jeito de comparação, o CEO da Aquapor recorda que “no mercado espanhol há mais de 600 dessalinizadoras e em Portugal existe apenas a de Porto Santo. Portanto, é uma solução inevitável para atravessar os problemas recorrentes de falta de água”.

Dessalinizadoras oferecem “desafios significativos”

Sobre o projeto da dessalinizadora no Algarve, António Cunha enaltece que esta já será uma infraestrutura com alguma capacidade já que o tratamento de 64 mil metros cúbicos de água por dia “já é uma capacidade razoável”. Tendo em conta que estas estruturas oferecem “desafios significativos”, o CEO da Aquapor destaca a “joint venture” com a GS Inima: “Um parceiro com muita experiência, tanto no projeto como na operação, para dar garantias que a fábrica fosse operada com os melhores indicadores e melhor performance a nível mundial, fosse na gestão energética, sustentabilidade ambiental e na recuperação da salmoura”.

“Estamos confiantes que a nossa proposta é muito forte e com indicadores de performance imbatíveis. A GS Inima já tem essa experiência com uma dessalinizadora na Argélia que produz mais de 200 mil metros cúbicos de água por dia com um indicador abaixo de três quilowatts por metro cúbico de água. A GS Inima também opera uma dessalinizadora no Chile, considerada a melhor do mundo e com um indicador de 2,8 quilowatts por metro cúbico”, revela ao JE.

António Cunha destaca que uma dessalinizadora “é um projeto de gestão complexa” e por isso “tem que ser gerido por quem tem provas dadas”. Este tipo de instalações “tem que ter uma eficiência energética irrepreensível e técnicas para mitigar a rejeição da quantidade de sal que se produz neste processo. Não podemos pensar na dessalinização hoje com o que era há dez ou vinte anos já que houve uma evolução tecnológica muito significativa”.

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