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Arábia Saudita: Mohamed Bin Salmán consolida o seu poder

O príncipe herdeiro voltou a afastar alguns dos que podem ensombrar a sua ascensão política, que se deve em grande parte ao apoio explícito de Donald Trump.
9 Março 2020, 07h15

O controverso príncipe herdeiro saudita Mohamed Bin Salmán continua a consolidar o seu poder à frente do país, tendo recorrido mais uma vez ao ‘expurgo’ das cúpulas da sociedade: dois importantes príncipes e pelo menos um outro membro da família real foram presos com acusação de alta traição. A medida, sobre a qual a corte real mantém silêncio absoluto, supõe um novo reforço do poder do herdeiro e governante e alguns comentadores relacionam o facto com uma possível deterioração da saúde do rei Salman, de 84 anos.

O príncipe Ahmed Bin Abdelaziz, irmão mais novo do monarca, e o príncipe Mohamed Bin Nayef, sobrinho de ambos, ficaram confinados em suas casas, diz o The Wall Street Journal. Ambos os homens, com credenciais para serem potenciais candidatos ao trono, são acusados ​​de “promover um golpe com o objetivo de derrubar o rei e o príncipe herdeiro”, segundo o jornal, acusação que abre as portas à prisão perpétua e até à pena de morte.

Também existem rumores da prisão de vários oficiais dos serviços de segurança, do exército e da Guarda Nacional, leais aos príncipes incomunicáveis. Mohamed Bin Nayef, de 60 anos, foi o herdeiro do trono até 2017, quando foi inesperadamente substituído por seu primo,  no que alguns observadores interpretaram como resultado de uma luta pelo poder.

O Septuagenário Ahmed é um dos últimos filhos vivos do fundador do moderno Estado saudita, o rei Abdulaziz Ibn Saud. Até 2015. Após a mudança na linha de sucessão, surgiram notícias segundo as quais Ahmed tinha sido um dos três membros do Conselho de Lealdade (o conclave em que os principais ramos da família real estão representados) que se opunham à designação de Bin Salmán.

Depois do caso do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, aumentaram as dúvidas sobre Bin Salmán e os observadores chegaram a colocar a hipótese do seu afastamento. Mas não foi nada disso que sucedeu, muito à custa do apoio da Casa Branca.

Ajudado por Donald Trump, Bin Salmán consolidou a sua posição internacional – alcançou a presidência do G20 este ano – e interna. E embora o príncipe Ahmed nunca tenha manifestado interesse no trono, os príncipes críticos da ascensão e administração do Bin Salmán consideram-no uma alternativa capaz de reunir a família e as potências ocidentais.

Desde que assumiu o primeiro lugar da linha sucessória, o herdeiro saudita começou a fazer expurgas entre os príncipes e magnatas, sob o pretexto de uma campanha anticorrupção. Ativistas dos direitos humanos e clérigos também estão no centro das suas investidas.

Desde o início do ano, o petróleo, principal fonte de rendimento do país, caiu 30% e a expansão do coronavírus ameaça os lucros das peregrinações e do turismo. A situação económica do reino é, por isso, uma preocupação crescente para os seus responsáveis.

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