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Argentina: Mauricio Macri tenta um regresso que parece impossível

O presidente argentino lançou a sua campanha pela reeleição em Buenos Aires. Os analistas conferem-lhe poucas hipóteses de vitória.
1 Outubro 2019, 07h37

Mauricio Macri sonha com um retorno histórico que apague as feridas da dura derrota sofrida nas primárias de agosto e contradiga as sondagens, que apontam o peronista Alberto Fernández o vencedor das eleições de 27 de outubro. Macri tem a economia contra ele, com o segundo ano consecutivo em recessão e a inflação acima dos 50% . Mas o presidente argentino pede uma espécie de absolvição: “vocês podem mudar a eleição”, disse Macri na abertura da campanha de reeleição, realizada em Belgrano, um dos bairros ricos de Buenos Aires.

Macri afirma ter tomado nota da mensagem das sondagens e do resultado das primárias de agosto: desde a derrota por mais de 15 pontos contra Fernández, o governo aprovou medidas económicas para aliviar a grande perda de poder de compra sofrida pela classe média (vantagens fiscais, um bónus para os funcionários públicos, a eliminação do IVA em alimentos básicos).

Macri eliminou promessas do seu discurso que não poderia cumprir, como reduzir a inflação e a pobreza, mas no arranque da campanha ‘atirou’ com novas esperanças que não parecem atingíveis no curto prazo, com um país incapaz de cumprir os compromissos de pagamento da dívida externa. “O que está por vir é diferente: agora vem crescimento, trabalho, melhoria salarial, porque todos precisamos disso”, afirmou.

Macri fez uma mudança radical no formato da campanha eleitoral. Os comícios de agosto, realizados em pequenos recintos, com pouco público e sem bandeiras ou gritos parecem estar colocados de lado.

Mas, apesar de todas estas mudanças, as sondagens afirmam que Alberto Fernández continua a ser o candidato mais bem posicionado. Até porque tem em mãos a pergunta que está na mente de todos os argentinos: se o governo de Macri pôde, depois das primárias de agosto, avançar com algumas medidas que eram um exigência da população, porque razão não avançou antes com elas, obrigando o país a um período de sofrimento.

Ou, ao contrário, se o país não pode suportar estas medias – até porque aumenta a despesa do Estado – elas acabarão por ter de desaparecer, colocando em evidência o mero caráter eleitoralista daquilo que Macri fez depois de agosto.

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