A Argentina mantém uma das inflações mais altas do mundo, mas as leituras em cadeia mais recentes têm vindo a mostrar uma desaceleração do indicador, levando o novo presidente, Javier Milei, a falar num possível retorno a 4% para o final do terceiro trimestre. Apesar de ser uma evolução improvável, é um sinal de que a pressão nos preços está a abrandar.
A leitura homóloga de março continua a ser das mais elevadas do mundo, com uma inflação de 287,9%, um máximo de 1991 e uma aceleração considerável em relação aos 211,4% registados aquando da tomada de posse de Milei. No entanto, as últimas três leituras em cadeia revelaram uma tendência clara de desaceleração, com o indicador a cair de 25,5% em dezembro para 11% em março.
Mais: o indicador core, que ignora as categorias mais voláteis da energia e alimentação, caiu para 9,4%, ou seja, voltando a uma leitura na casa das dezenas pela primeira vez em largos meses.
Perante estes valores, a administração do novo presidente libertário, que se autocaracteriza como um ‘anarcocapitalista’, acredita que o indicador de preços pode voltar a uma leitura de um só dígito já em maio, apontando a valores próximos de 4% no final do terceiro trimestre deste ano.
No entanto, os modelos da Bloomberg citados pelo El Economista mostram um cenário bastante diferente. A economia argentina tem uma probabilidade estimada de apenas 5% de atingir os valores propostos por Milei este ano, com os analistas a mostrarem-se também pouco preocupados com a possibilidade de nova espiral de preços.
Apesar da melhoria do lado da inflação, os cortes nos gastos do Estado argentino têm gerado descontentamento entre a população. A juntar à elevada inflação, estes cortes têm afetado a capacidade de consumo da generalidade das famílias argentinas, levando a protestos recorrentes e generalizados.
O consenso das instituições internacionais é que a economia argentina deverá cair em torno de 3% este ano, com os salários reais a recuarem 6,1%.
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