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Argentina prestes a regressar à ‘tentação’ peronista

Eleições são só em outubro, mas há primárias em agosto e é preciso que esteja tudo a postos. Mais uma vez, será a economia ditar o vencedor.
24 Junho 2019, 07h05

Os partidos políticos argentinos começaram oficialmente este fim-de-semana os preparativos para as eleições gerais de 27 de outubro, mas que têm até lá, a 11 de agosto, um momento importante: as primárias, que irão revelar quem será a cara em cada partido. E os partidos com aspirações a ganharem registaram todos uma viragem para o peronismo. Ou, dito de outra forma, para o nacionalismo.

Mauricio Macri, o atual presidente, incorporou o conservador peronista Miguel Ángel Pichetto como vice-presidente; a frente de Alberto Fernández e da antiga presidente Cristina Fernández de Kirchner, foi buscar outro peronista, Sergio Massa, como candidato a primeiro vice-presidente; e outro peronista, Roberto Lavagna, tem fundadas aspirações a chegar à vitória. Se nas eleições gerais de 27 de outubro ninguém tiver maioria, haverá uma segunda volta.

O alarme pró-peronista soou quando Mauricio Macri percebeu, através das sondagens, que o seu partido corria o risco de perder as eleições, muito devido à crise económica que ronda perigosamente o país. Ato contínuo, o atual presidente uniu forças com Pichetto, um velho peronista conservador que pode ser a arma certa contra Cristina Kirchner e transformar-se no aliado de Macri na Cârama Alta (segundo alei, sempre presidida pelo vice-presidente eleito).

Mas Roberto Lavagna, ex-ministro da Economia, pode ser mais difícil de vencer: liderou com sucesso a saída da crise de 2001 e tem como candidato a vice-presidente Juan Manuel Urtubey, um político sobrevivente da Alternativa Federal, uma aliança de forte implantação territorial.

Mas será a economia a ditar a sua lei. A alta do dólar deu uma trégua a Macri e os dados mais recentes da inflação indicam que não deverá subir mais de 3% (ao mês), como aconteceu no primeiro trimestre do ano. Os resultados das sondagens mudaram de repente: a imagem positiva do presidente subiu neste mês 10 pontos percentuais, para 43%, e sua imagem negativa caiu de 65% para 57%. Ao mesmo tempo, a popularidade de Fernandez de Kirchner caiu dois pontos.

A luta vai, por isso ser renhida, como concluem os jornais argentinos. E o país nunca passa despercebido aos parceiros internacionais. A Argentina é, juntamente com o Brasil, um dos motores da América do Sul e, nesse quadro, os Estados Unidos – neste caso, Trump tem seguido a tradição – observam sempre atentamente o que por lá se passa.

Esta ‘observação’ estará por trás do alinhamento quer Macri tem seguido com o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, nomeadamente no que tem a ver com a crise da Venezuela. É pouco provável que Trump venha a ‘deixar cair’ um apoio mais ou menos explícito a Macri.

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