[weglot_switcher]

Argentina regista excedente orçamental pela primeira vez em 16 anos

“É um feito de proporções históricas a nível mundial”, disse o economista Javier Milei, que tomou posse a 10 de dezembro, com a promessa de fechar este ano com um excedente orçamental.
President of Argentina Javier Milei hands the presidential baton to his sister Karina Milei after being sworn in at the National Congress in Buenos Aires, Argentina, 10 December 2023. The far-right libertarian economist Milei was sworn in at the National Congress to become president of the South American country for the period 2023-2027 after winning the runoff election on 19 November. EPA/Juan Ignacio Roncoroni
23 Abril 2024, 07h42

A Argentina acumulou um excedente orçamental equivalente a 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre do ano, pela primeira vez desde 2008, anunciou o Presidente, Javier Milei.

O chefe de Estado ultraliberal anunciou na segunda-feira que o setor público argentino registou um resultado financeiro (incluindo o pagamento dos juros da dívida externa) de 1,13 biliões de pesos (1,22 mil milhões de euros).

Sem contar com o pagamento da dívida, o excedente das contas públicas da Argentina teria atingido 3,8 biliões de pesos (3,96 mil milhões de euros), 0,6% do PIB, entre janeiro e março.

Milei divulgou os resultados das contas públicas, algo normalmente feito através de um comunicado, numa mensagem de 16 minutos gravada na Casa Rosada, a sede do Governo, rodeado pela tutela da Economia e divulgada pela imprensa pública.

“É um feito de proporções históricas a nível mundial”, disse o economista, que tomou posse a 10 de dezembro, com a promessa de fechar este ano com um excedente orçamental.

Em 2023, a Argentina registou um défice primário equivalente a 2,9% do PIB e um resultado financeiro negativo de 6,1%.

Sem um aumento das receitas, Milei explicou o excedente com cortes drásticos nas transferências para as províncias, educação e saúde, paralisação do investimento em obras públicas, despedimentos na função pública, cortes nos subsídios aos transportes, eletricidade e gás e aumentos das pensões muito abaixo da inflação.

O Presidente argentino disse que o excedente fiscal é a única maneira de acabar com o “inferno inflacionário”. A Argentina registou uma inflação de 211,4% em 2023, a taxa mais elevada do mundo.

A redução na despesa tem originado forte oposição e na segunda-feira ativistas dos direitos humanos e figuras da cultura argentina pediram ao parlamento para destituir Milei devido à “possível prática de crimes”.

O documento dá como exemplo o esvaziamento do plano contra a fome, a suspensão de uma agência pública que apoiava doentes na aquisição de medicamentos e equipamento médico e os cortes na educação pública.

Os estudantes universitários prometeram realizar hoje uma marcha contra os cortes no financiamento do ensino superior público, enquanto a Confederação Geral do Trabalho, o maior sindicato da Argentina, está a preparar a segunda greve geral a 09 de maio.

Com o salário mínimo fixado em 202 mil pesos (200 euros) e 41,7% da população a viver na pobreza, o consumo tem caído e os analistas preveem uma contração do PIB de 3,5% este ano.

Mas Milei mostrou-se otimista, dizendo que a economia vai crescer graças à indústria mineira e do petróleo, à agricultura e ao investimento privado.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.