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Armando Vara: “Não volto a responder sobre Vale do Lobo”

O ex-administrador da Caixa Geral de Depósitos, Armando Vara, está a ser ouvido na segunda comissão parlamentar de inquérito à recapitalização e gestão do banco.
14 Junho 2019, 16h39

“Quantas vezes como administrador da Caixa é que negociou um crédito?”, perguntou a deputada do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua. “Várias vezes”, respondeu Armando Vara.

O antigo ministro recordou ainda “a quantidade de vezes” que ele próprio “foi às empresas”. “claro que depois a decisão era tomada na Caixa”, acrescentou. Mariana Mortágua voltou a insistir sobre Vale do Lobo. “Não volto a responder sobre Vale do Lobo”, disse Vara.

Vara explicou ainda que António de Sousa disse que foi vendido ao fundo que ele dirige por 221 milhões de euros. Ora, isso “somado a cerca de 100 milhões que a empresa já tinha pago até 2011, tinha amortizado quase 50 milhões, mais quase 50 milhões juros, dá quase 321 milhões de euros. É com dor que olho para o projeto do Vale do Lobo”

No final de abril, o ex-presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD), António de Sousa afirmou na Assembleia da República que espera que a compra de créditos e capital de Vale do Lobo pelo fundo de capital de risco que lidera actualmente seja rentável, depois de ter sido ruinoso para o banco público.
“Espero bem que seja rentável. Não temos acertado em todos os negócios que fazemos. Isto é capital de risco, há resultados nuns [negócios] e noutros não”, adiantou na altura António de Sousa, numa referência à venda do empreendimento algarvio à ECS Capital por um valor de 222,9 milhões de euros, anunciada no ano passado.

Armando Vara – que se encontra detido desde janeiro deste ano após condenação no processo Face Oculta – foi nomeado administrador da CGD em 2006, para a equipa presidida por Carlos Santos Ferreira, tendo ambos depois transitado para o BCP em 2008.

O também antigo ministro Adjunto e da Juventude e Desporto do segundo governo de António Guterres é um dos 28 arguidos da Operação Marquês.
Dos arguidos deste processo, foram já ouvidos na comissão parlamentar de inquérito à CGD Joaquim Barroca (ex-administrador do grupo Lena) e Diogo Gaspar Ferreira (ex-administrador de Vale do Lobo).

Em 29 de maio foi dado a conhecer que o ex-primeiro-ministro José Sócrates, também arguido na Operação Marquês, responderá por escrito às questões dos deputados da comissão.

Na Operação Marquês estão também envolvidos Ricardo Salgado, Carlos Santos Silva, Henrique Granadeiro, Zeinal Bava, Bárbara Vara (filha de Armando Vara), Helder Bataglia, Rui Mão de Ferro e Gonçalo Ferreira, empresas do grupo Lena (Lena SGPS, LEC SGPS e LEC SA) e a sociedade Vale do Lobo Resort Turísticos de Luxo.

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