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As múltiplas vozes de Natália

No centenário do nascimento de Natália Correia, sobe ao palco ‘O Dever de Deslumbrar’, que parte de uma biografia desta figura ímpar da cultura portuguesa.
12 Novembro 2023, 20h00

De um lado, uma secretária e um sofá. Do outro, um toucador e uma cama. E em cada um desses espaços, duas Natálias, em diálogo, entre o presente, o passado e o futuro. O Dever de Deslumbrar é uma peça de teatro que nasce do estudo de seis anos que Filipa Martins – escritora, argumentista e jornalista – tem vindo a desenvolver sobre Natália Correia e que resultou numa biografia, lançada em Março deste ano e que dá o nome à peça. A encenação está a cargo da atriz e realizadora Ana Rocha de Sousa, que se estreia na tarefa de dirigir atores (e não só) em palco, após o sucesso da longa-metragem Listen (2020).

Neste caso, debaixo das luzes estão as actrizes Teresa Tavares e Paula Mora, assim como a bailarina e coreógrafa Ana Jezabel, que assume em cena um lado mais onírico de Natália, com os seus movimentos de dança. O Dever de Deslumbrar – que recorda o pensamento e a vida da autora mais censurada em ditadura de uma forma não cronológica – é um espectáculo multidisciplinar, tal como a mulher que dá corpo e alma a esta história, contando ainda com música e ambiente sonoro criados por Surma (Débora Umbelino). A peça estará em cena primeiro no Teatro da Malaposta (em duas sessões esgotadas) a 10 e 11 de novembro, no âmbito do LEFFEST, um dos financiadores desta produção, e depois segue para a Escola de Mulheres, de 30 de novembro a 3 de dezembro e para o Teatro Turim, de 5 a 21 de janeiro de 2024. Assistimos a um ensaio geral e, no final, falámos com Filipa Martins e Ana Rocha de Sousa, ambas também em diálogo constante.

“Colocamos uma Natália em diálogo com a outra Natália para conseguirmos ter uma perspetiva quer sobre a evolução da vida dela, quer sobre a evolução do seu pensamento, para, na minha opinião, chegarmos à conclusão de que ela era uma mulher de uma extrema coerência, e ainda uma mulher que vem do futuro”, começa por explicar Filipa Martins, que com Natália partilha a autoria dos textos deste espetáculo. Levar Natália para o palco, e o seu constante manifesto nascido de uma inquietação nata, pareceu natural para a autora que recorda Natália como uma figura que parecia estar “sempre em boca de cena”. “É muito normal associarmos a Natália à palavra teatral. Portanto, como não pô-la em cima do palco?”.

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