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Associação de tecnologia em Oliveira do Hospital critica financiamento que esquece o interior

Em declarações à agência Lusa sobre os resultados divulgados pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) – que resultaram no financiamento, em 197 milhões de euros, do ingresso na carreira de 1.100 investigadores-doutorados (702 para a carreira científica e 398 para a docência), João Nunes, presidente da BCL3, contestou que 80% das vagas tenham sido atribuídas a apenas 8% de instituições nacionais.
27 Agosto 2024, 18h33

A Associação de Tecnologia e Inovação (BCL3), sediada em Oliveira do Hospital, no distrito de Coimbra, contestou hoje os resultados provisórios do concurso de apoio à contratação de investigadores, argumentando que este esqueceu o interior do país.

Em declarações à agência Lusa sobre os resultados divulgados pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) – que resultaram no financiamento, em 197 milhões de euros, do ingresso na carreira de 1.100 investigadores-doutorados (702 para a carreira científica e 398 para a docência), João Nunes, presidente da BCL3, contestou que 80% das vagas tenham sido atribuídas a apenas 8% de instituições nacionais.

Segundo João Nunes, aquilo que à primeira vista “parece que foi um resultado muito positivo” do concurso da FCT – 115 instituições científicas concorrentes com um total pretendido de 2.211 vagas, tendo sido apoiadas 71 entidades (68%) – resultou que nove em 115 entidades “obtiveram quase 80% das vagas, ou seja, cerca de 8% das entidades levou um arrojado e gracioso 80% do total de todas as vagas”.

O responsável do Campus de Tecnologia e Inovação de Oliveira do Hospital argumentou que a esmagadora maioria das vagas atribuídas para financiamento se concentra “em duas estradas bem conhecidas dos portugueses”, ou seja, nos eixos Porto – Braga e Lisboa – Oeiras, esquecendo instituições sediadas no interior do país, de Bragança ao Algarve.

“Todo o interior, de norte a sul, teve um resultado de 3,5% de quota das posições. Ou seja, todas as entidades científicas e académicas na região interior, de norte a sul, tiveram muito menos, todas juntas, do que algumas instituições que sozinhas tiveram mais de 20% da quota de posições. Esta política de contratação promove uma coesão territorial?”, questionou João Nunes.

Sobre o caso da região Centro, que envolve instituições de ensino como a Universidade de Coimbra (UC) ou a da Beira Interior e diversos institutos politécnicos, João Nunes afirmou que foi presenteada com “praticamente nada” comparativamente ao que se passa em Lisboa, Porto e Braga.

Questionou, aliás, o “silêncio” de instituições como a UC ou a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC) face aos resultados do concurso ‘FCT-Tenure’, divulgados no dia 14.

“Estará o interior de férias, desde académicos a políticos, que, perante todos estes resultados, ainda não estão a trabalhar e não viram os resultados? Ou estará a dormir num silêncio profundo sobre estes resultados e não a trabalhar o suficiente, conformando-se em abandonar o maior desígnio de desenvolvimento destes territórios (abandonar a aposta no conhecimento e ciência, a não fixação de massa crítica, jovens e novas famílias)”, argumentou aquele responsável.

O presidente da BLC3 perguntou ainda se o interior abandonou a ciência ou se foi a ciência que abandonou o interior, criticando ainda a FCT pela data escolhida para divulgar os resultados do concurso, em pleno mês de agosto e na véspera de um feriado.

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