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Associação entregou candidatura da calçada portuguesa a Património Mundial

O processo envolveu a Associação da Calçada Portuguesa, com mais de 50 calceteiros, a colaboração de oito municípios – Braga, Estremoz, Faro, Funchal, Lisboa, Ponta Delgada, Porto de Mós e Setúbal -, e o apoio de mais de 20 instituições nacionais públicas e privadas, segundo o comunicado da associação hoje divulgado.
Foto: Bruno Lopes/Direitos Reservados
18 Março 2025, 13h45

A candidatura da “Arte e Saber-fazer da Calçada Portuguesa” ao Inventário do Património Cultural Imaterial da Humanidade foi entregue na sexta-feira à Comissão Nacional da UNESCO, anunciaram, esta terça-feira, os promotores.

O processo envolveu a Associação da Calçada Portuguesa, com mais de 50 calceteiros, a colaboração de oito municípios – Braga, Estremoz, Faro, Funchal, Lisboa, Ponta Delgada, Porto de Mós e Setúbal -, e o apoio de mais de 20 instituições nacionais públicas e privadas, segundo o comunicado da associação hoje divulgado.

A iniciativa, concluída ao fim de três anos de trabalho, tem como objetivo “preservar e promover esta arte, que corre o risco de extinção”, alerta, sobre uma tradição cuja candidatura ficará nas mãos da Comissão Nacional da UNESCO (sigla em inglês de Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).

Em julho de 2021, a “Arte e Saber-fazer da Calçada Portuguesa” foi inscrita no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, quatro meses depois da abertura do processo, e publicada em Diário da República.

Sob proposta da Associação da Calçada Portuguesa, o processo de inventariação foi aberto no dia 09 de março daquele ano.

“Ao longo do tempo, a calçada portuguesa consolidou-se não apenas como uma das principais referências culturais, identitárias e estéticas do território nacional – continente e ilhas – mas também como um elemento fundamental da paisagem urbana, contribuindo para a identidade do espaço, da história e da cultura portuguesas”, sustentam os promotores no comunicado.

No mesmo texto, sublinha-se que a associação empreendeu a preparação da candidatura da “Arte e o Saber-fazer da Calçada Portuguesa a Património Cultural Imaterial da Humanidade” com o intuito de “valorizar o conhecimento, o saber-fazer e a mestria dos calceteiros e de outros artistas plásticos que têm transportado esta técnica ao longo dos anos”.

Lembra ainda que esta arte se encontra espalhada por várias partes do mundo como marca cultural portuguesa, com especial presença no Brasil e em outros países com os quais Portugal mantém trocas culturais, “confirmando a sua relevância universal”.

Além de Portugal, a calçada portuguesa está presente em locais de Espanha, Gibraltar, Bélgica, Chéquia, China, com particular incidência no território de Macau, Malásia, Timor-Leste, Angola, Moçambique, África do Sul, Brasil, Estados Unidos e Canadá.

“Esta candidatura serve também como um apelo às entidades públicas, nacionais e locais, para que se comprometam com a preservação e promoção desta arte que deve ser assumida como um ativo estratégico para a afirmação de Portugal”, pede a associação.

A diminuição de mestres calceteiros, a falta de manutenção e a má construção, a forte concorrência de outro tipo de pavimentos e o declínio das indústrias extrativa e de transformação da pedra têm sido as principais ameaças identificadas por aquela entidade.

Quando a candidatura da inscrição no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial foi apresentada pelo secretário-geral da Associação da Calçada Portuguesa, António Prôa, este disse que em 1927 existiam na cidade de Lisboa 400 calceteiros, enquanto em 2020 esse número era de apenas 18, e só 11 no ativo.

O fraco reconhecimento social e remuneratório da profissão foi a principal justificação para esta diminuição, indicou o responsável na altura.

Na ficha de património imaterial indica-se que “a arte de calcetar é milenar, mas a produção de Calçada Portuguesa inicia-se como uma técnica específica na primeira metade do século XIX, em Lisboa, onde se desenvolve e ganha expressão em quantidade e qualidade extraordinárias, expandindo-se por todo o país e por vários continentes, como um traço indiscutivelmente marcante da matriz não só lisboeta como nacional”.

A calçada portuguesa resulta do calcetamento com pedras de formato irregular, geralmente em calcário branco e negro, que podem ser usadas para formar padrões decorativos, ou mosaicos pelo contraste entre as pedras de distintas cores.

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