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Ataques de Trump às investigações científicas afetam saúde pública e alterações climáticas, revela relatório

O relatório da União de Cientistas Preocupados acusa a admnistração Trump de censurar a linguagem científica, ignorar os pedidos científicos de reversão de leis prejudiciais e dificultar o processo de financiamento para investigações cientificas.
31 Janeiro 2019, 16h24

A administração de Donald Trump tem aplicado várias medidas para ignorar e bloquear descobertas científicas sobre as alterações climáticas , direitos LGBTQ+ , impostos e outras questões, revela um novo relatório conduzido pela União de Cientistas Preocupados (Union of Concerned Scientists, em inglês).

O documento intitulado de ”The State of Science in the Trump Era: Damages Done, Lessons Learned, and a Path to Progress” (”O estado da ciência na era de Trump: danos, lições aprendidas e o caminho para o progresso”, tradução livre para português) e citado pelo ”Washington Post”, argumenta que estas medidas estão a prejudicar a saúde pública e o meio ambiente.

O relatório argumenta que “o governo comprometeu a capacidade da nação enfrentar os desafios atuais e futuros na saúde pública e ambiental, e continua a corroer a ciência num cenário federal”, implementado medidas que:

  • Censurem a linguagem científica;
  • Ignorem os pedidos científicos de reversão de leis federais prejudiciais;
  • Suprimam, cancelem ou alterem pelo menos 14 estudos científicos propostos e apresentados ao governo;
  • Deixem cargos federais do setor da ciência por preencher;
  • Excluam cientistas de tomada de decisões importantes;
  • Dificultem o processo de financiamento para investigações cientificas;
  • Limitem a recolha de dados;
  • Recusem a implementação de medidas proteccionistas que já foram aprovadas posteriormente.

As regulamentações afetam muitas questões políticas, diz o relatório, incluindo os impostos, migrações, alterações climáticas e direitos LGBTQ+, mas foram rejeitadas de forma mais agressiva por dois departamentos:

“Os nomeados pelo presidente Trump para o Departamento de Proteção Ambiental e o Departamento do Interior destacam-se pelos seus gritantes conflitos de interesse e a sua hostilidade à missão científica nos seus departamentos”, diz o relatório. “A ciência climática e os estudos sobre os impactos da poluição na saúde pública foram os principais alvos, o que demonstra o compromisso do governo em ajudar as indústrias politicamente poderosas às custas do bem público”, reforçam os investigadores.

De forma geral, foram registados 80 ataques à ciência desde de que Trump tomou posse, tanto por funcionários do governo com credenciais científicas limitadas e conflitos de interesse significativos, como por industrias geridas por departamentos governamentais.

“Os agentes políticos do presidente Trump deram um golpe duro na ciência, da qual todos nós dependemos”, disse o presidente da união científica, Ken Kimmell, num comunicado. “Apesar de tudo, a comunidade científica está mais do que comprometida em reverter essa situação”, afirmou.

O presidente norte-americano tem continuamente reforçado o cepticismo referente ao aquecimento global. De facto, ainda esta semana Trump usou a sua rede social de eleição, Twitter para ironizar mais uma vez o fenómeno.

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