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“Até à lua”… com um pouco de humor?

Enquanto o trabalho em equipa é talvez uma das caraterísticas mais pertinentes do mundo atual, o humor nem sempre é “bem-vindo”. Contudo, o humor é um grande potenciador do processo criativo e da resolução criativa de problemas.
18 Maio 2021, 07h15

Nas últimas semanas têm surgido de forma crescente as notícias sobre as tão afamadas criptomoedas ou em bom inglês cryptocurrencies. Para aqueles que, eventualmente, possam ainda não ter conhecido ou ouvido falar destas novas “moedas”, uma rápida pesquisa no Google diz-nos que as criptomoedas são uma sequência de números encriptografados que podem ser utilizadas em transações online, representando algumas delas, atualmente, valores inimagináveis. As criptomoedas são únicas e não são possíveis de duplicar e têm uma caraterística fundamental que as distingue das moedas “a sério”: são descentralizadas do governo ou de qualquer banco.

Enquanto muitos de nós já conhecem a famosa bitcoin….ao longo dos últimos anos têm surgido várias outras moedas “digitais” como a ehtereum, a binance coin ou até a cardano. Contudo, existe atualmente uma “moeda digital” que tem estado no centro de inúmeras discussões no mundo das criptomoedas, pelo seu crescimento exponencial em meras semanas. Falo, pois, da Dogecoin!

Porque não sou economista, nem expert nestas matérias, apenas uma curiosa procurei tentar perceber o caminho percorrido por esta moeda. A Dogecoin tem uma história muito engraçada. Surgiu como uma piada, sim, como uma piada! Num artigo publicado por Grace Kay no Business Insider é referido que esta criptomoeda foi desenvolvida por dois engenheiros de software: Billy Markus e Jackson Palmer. Inspirados pela bitcoin, os primeiros passos da dogecoin surgiram com a criação do “doge meme”, um meme que tem um cão Shiba Inu como imagem de marca e que passou a ser utilizado para expressar tudo o que possam imaginar. E, para quem não conhece: memes são expressões utilizadas para descrever ideias através do humor no mundo digital!

Com o mundo das criptomoedas em polvorosa particularmente com a valorização exponencial das bitcoins, a “Dogecoin” surgiu e com ela a parceria entre os seus fundadores que lançaram esta “moeda” em dezembro de 2013.

E, porque acho esta história muito engraçada? Estamos aqui a falar de moedas “virtuais”, ou seja, “moedas” que não existem na forma física. Imaginem fazerem uma viagem ao passado e tentarem explicar o que são “moedas digitais” aos vossos antepassados? Com certeza diriam que estariam com algum grau de insanidade mental. Agora, ainda mais engraçado do que estarmos a falar de moedas que, para todos os efeitos “não existem” no mundo físico, a Dogecoin é ainda mais “cómica”! É uma moeda que tem um cão como imagem de marca, que surgiu de um meme e que neste momento está a ter momentos exponenciais de subida dos seus valores fazendo jus (pelo menos em parte) à expressão que lhe está associada “Dogecoin até à lua!”.

E porque hoje falo da Dogecoin? Bem, porque sou uma entusiasta de criatividade e inovação a Dogecoin tem duas caraterísticas que a literatura científica nos tem dado a conhecer como aspetos importantes do processo criativo: o trabalho em equipa – a Dogecoin juntou esforços de duas pessoas que até à data eram estranhos entre si – e o humor – quem imaginaria que o meme de um cão poderia algum dia valer tanto? Enquanto o trabalho em equipa é talvez uma das caraterísticas mais pertinentes do mundo atual, o humor nem sempre é “bem-vindo”. Contudo, o humor é um grande potenciador do processo criativo e da resolução criativa de problemas. Possibilita momentos de descontração e relaxamento que são, muitas vezes, precursores de grandes ideias. A Dogecoin é, para mim, um exemplo de como o humor tem potencial para criar valor. Apesar de não nos ser possível afirmar qual será o futuro da Dogecoin e de, claramente ser necessário ponderar muito bem o investimento na mesma, com o risco de que tal como a sua subida ascendente foi inesperada, a sua descida também o poderá ser, falar da Dogecoin não é só falar do seu valor económico. Falar da Dogecoin é falar do potencial dos processos criativos e da criação de ideias a partir do inesperado, do impossível e do inusitado e partindo daqui, sim criar valor! Fazendo minhas as palavras de John Agard, o “humor breaks down boundaries, it topples our self importance, it connects people, and because it engages and entertains, it ultimately englightens”, por isso questiono: porque não almejar ir “até à lua”…. com um pouco de humor?

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