O ano de 2023 termina com notícia da morte de Robert Solow, prémio Nobel da Economia em 1987. A ciência económica fica incomensuravelmente mais pobre com o seu desaparecimento.

Considerado o pai da moderna teoria do crescimento económico, não deve existir um único manual de macroeconomia que não contenha um capítulo descrevendo o seu modelo, que tem a genialidade de ser extremamente simples e muito completo. A sua forma fez escola, podendo hoje ser facilmente apreendido com o auxílio de métodos computacionais.

Solow foi também galardoado por ter sugerido uma metodologia para medir o contributo da tecnologia para o crescimento económico – a chamada contabilidade de crescimento. No seu modelo só há crescimento a longo prazo com acumulação da tecnologia. E se foi criticado por não explicar como a economia consegue mobilizar recursos para que essa acumulação possa ocorrer, na verdade abriu caminho para uma sucessão de análises posteriores, onde sem progresso científico não há um aumento continuado do produto.

É na sua senda que Paul Romer, também laureado pela Academia Sueca em 2018, viria a ser reconhecido por desenvolver os chamados modelos de crescimento endógeno, onde o despontar de novas ideias, i.e., a inovação tecnológica, é regida por decisões económicas.

Qualquer curso de economia que se preze primará por ter no seu programa uma disciplina de crescimento económico, onde se estudarão e distinguirão os modelos de crescimento exógeno, à Solow, dos modelos de crescimento endógeno, à Romer.

O contributo de Solow não se esgota, no entanto, no seu modelo de crescimento económico. Macroeconomista, defendia a intervenção do Estado na economia na linha dos economistas Keynesianos americanos que fizeram escola na década de 1960, enquanto preconizava o recurso a modelos matemáticos para entender a economia.

Os seus discípulos são assim inúmeros e igualmente influentes, estendendo-se para lá da mera análise do crescimento económico. A título de exemplo, refiram-se Olivier Blanchard, antigo economista-chefe do Fundo Monetário Internacional, que lamentou a morte do seu mentor no Twitter, e, como destacou a revista “Time”, Mario Draghi, anterior governador do Banco Central Europeu e primeiro-ministro italiano, que terá sido também um seu aluno.

Solow deixou-nos um legado que se perpetuará muito para além da sua existência. A ciência económica fica-lhe eternamente reconhecida.