Se Deus desenhou o mundo, Marc Newson vai no bom caminho para desenhar tudo o que cabe lá dentro. O omnipresente designer já fez mobiliário (para a Cappellini, Magis ou B&B Itália), moda (G-Star Raw e Nike), eletrodomésticos (Smeg), tachos, panelas (Tefal), faqueiros (Alessi) e copos (Iittala), secadores de cabelo (Vidal Sassoon), frapés (Dom Pérignon), tira-imperiais (à falta de melhor nome, Heineken), espadas Samurai (Wow Japan), espingardas (Beretta), máquinas fotográficas (Leica, Pentax), óculos (Sáfilo), canetas (Montblanc), serviços de chá (Georg Jensen), malas de viagem (Samsonite, Louis Vuitton, neste último caso também desenhou mochilas).
E ainda joalharia (Boucheron), automóveis (Ford), barcos (Riva), aviões (Dassault Falcon), cadeiras de avião e cabines de primeira classe (Quantas), bicicletas (Biomega)… Podíamos continuar indefinidamente mas já dá para perceber a ideia, até porque ainda temos ainda de falar deste novo Atmos 568, desenhado para a Jaeger-LeCoultre. Se calhar antes ainda referimos que Newson desenhou o seu primeiro relógio em 1986, o Large Pod Watch e que, 10 anos depois fundou, com Oliver Ike, a marca de relógios suíça Ikepod. E que desenhou, em conjunto com o seu amigo Jony Ive (director de design da Apple), o smartwatch de Cupertino.
A parceria com a Jaeger-LeCoultre também vem de trás, com o modelo comemorativo do 80º aniversário do Atmos, o relógio de mesa da marca, cujo primeiro modelo foi lançado em 1929. Uma história incrível que pode acompanhar através da realidade aumentada nesta página. O Atmos é um relógio mecânico de movimento perpétuo, cuja autonomia advém de uma espécie de fole de metal, cheio de gás, o qual contrai ou dilata à mais mínima variação da temperatura ou variação atmosférica. Diferenças de um único grau Célsio ou de três mmHg de pressão são suficientes para alimentar o relógio durante dois dias inteiros de funcionamento. O Atmos está assim preparado para funcionar ad eternum, pelo menos em teoria, porque ocasionalmente necessita de uma visita de manutenção à oficina. Afinal, é um relógio mecânico, cheio de peças móveis.
Em 2010, o designer regressou com uma segunda versão, pelo que esta é já a terceira edição de um Atmos By Marc Newson.
Aqui, a grande característica é a sua caixa em cristal Baccarat absolutamente transparente, mas com diferentes espessuras em determinados pontos. A base e os cantos arredondados são mais grossos, o que lhe confere ainda mais o ar de cubo de gelo. Nos pontos mais finos a espessura chega a ser de 13mm, o que levou a própria Baccarat a desenvolver uma nova técnica de trabalhar o cristal para assegurar a rigidez necessária. Como é absolutamente transparente, o movimento dentro do cristal parece suspenso, como que congelado (na realidade está fixo por quatro pontos na parte de trás). E isto à primeira vista, porque em pormenor apercebemo-nos de uma infinidade de pequenas nuances nos acabamentos, alguns escovados, outros brilhantes, criando assim belíssimos padrões quando os feixes de luz atravessam o cristal transparente. É maravilhoso e será muito fácil perdermos a noção do tempo a contemplar este relógio maravilhoso.
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