A Altice Portugal manteve nos últimos quatro anos um investimento anual próximo dos 500 milhões de euros, muito por causa dos planos de expansão da rede de fibra ótica, cujo objetivo de chegar aos 5,3 milhões de lares e empresas ‘cablados’ foi superado no segundo trimestre do ano. De agora em diante, os níveis de investimento da dona da Meo estão dependentes de um “conjunto de desafios”, sobretudo do ambiente regulatório.
“Obviamente que 500 milhões de euros por ano estavam muito alicerçados na fibra ótica e os anos de 2015, 2016, 2017, 2018, 2019 e ainda de 2020 foram de investimento em fibra ótica. Agora, o investimento vai centrar-se noutros padrões e noutros quadrantes tecnológicos. O 5G [quinta geração da rede móvel] está aí à porta – acredito eu – e temos obviamente um conjunto de desafios que irão carecer de capacidade de investimento”, afirmou o presidente da Altice Portugal, Alexandre Fonseca, num encontro com jornalistas, na sede da empresa, em Lisboa.
O CEO da dona da Meo explicou que o nível de investimento da telecom terá de “ser diretamente proporcional à capacidade de gerar valor em Portugal”. Que quer isto dizer? Por um lado, o gestor apontou que a vontade de investir dependerá, primeiro, do “ambiente económico, aludindo ao momento de incerteza económica que Portugal atravessa, devido aos efeitos da pandemia da Covid-19. Por outro, o ambiente regulatório também vai condicionar a vontade da Altice Portugal em avançar com mais investimentos.
Por isso, as verbas que a dona da Meo irá futuramente “colocar no terreno” vai depender de dois fatores importantes para o gestor. Mas sobretudo, dependerá do ambiente regulatório. Para Alexandre Fonseca não será possível continuar a realizar investimento avultados – ao nível dos 500 milhões de euros – se o setor das telecomunicações “continuar a ter um ambiente regulatório que destrói valor”.
“Qualquer acionista questiona o investimento num país, quando o ambiente regulatório é adverso. Hoje, em Portugal, penso que é unânime e já foi dito por todos os operadores e até por entidades fora do setor que o ambiente regulatório é hóstil”.
“A partir de agora, o investimento não está balizado”
As afirmações de Alexandre Fonseca surgiram depois de ter revelado que, apesar de a empresa ter superado o objetivo estabelecido há quase cinco anos – a Altice serve hoje 5,3 milhões de lares e empresas com fibra ótica -, a dona da Meo continuará a investir na expansão da rede de fibra ótica.
O objetivo é continuar a expandir a rede de fibra ótica para um nível de cobertura próximo dos 100%, contudo, o gestor explicou que, agora, o investimento da Altice “não está balizado numa lógica de projeto para atingir um número concreto” de lares e empresas com ligações a serviços de telecomunicações por fibra ótica.
Porquê? Segundo Alexandre Fonseca, a dona da Meo aguarda por maior clarividência do Governo sobre a cobertura de serviços em todo o país e de que forma esse objetivo poderá ser concretizado. “A continuidade do investimento vai com certeza acontecer, mas não temos um número concreto”, acrescentou.
Nesse sentido, Alexandre Fonseca considerou que é “muito importante” que haja, agora, “uma estratégia nacional para permitir que bolsas do território, onde não há retorno do investimento”, recebam investimentos para melhorar a cobertura de rede nesses territórios.
“De que forma é que existiram alguns incentivos ao investimento privado ou algum tipo de co-investimento público e privado, para garantir que chegamos aos tais seis milhões de lares existem à partida em Portugal”, concluiu. Esta ideia já tinha sido avançada pelo gestor da Altice, em junho.
Pelas contas da Altice Portugal, que se baseia nos indicadores do Instituto Nacional de Estatística, uma cobertura de 100% do território português com ligações por rede de fibra ótica representa cerca de seis milhões de lares.
No final deste ano, aos 5,3 milhões de lares e empresas já ‘cablados’ com fibra ótica da Altice Portugal, acrescerá as habitações e locais de trabalho de 500 freguesias, cujo território será coberto a 100% pela rede da dona da Meo.
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