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Aumento do preço do gás e eletricidade pode comprometer metas climáticas da União Europeia

Face à subida de 280% no preço da eletricidade na União Europeia, os ministros da Energia dos 27 Estados-membros vão reunir-se pela primeira vez desde que os preços começaram a agravar-se nas últimas semanas para discutir a pior crise de preços de energia do bloco nos últimos anos.
22 Setembro 2021, 18h00

A crescente subida dos preços do gás e da eletricidade em grande parte da União Europeia poderá prejudicar as metas climáticas do bloco.

Os ministros da Energia dos 27 Estados-membros reúnem-se esta quarta-feira, na Eslovénia, pela primeira vez desde que os preços começaram a agravar-se nas últimas semanas para discutir a pior crise de preços de energia do continente nos últimos anos, escreve o “Financial Times”, esta manhã.

Segundo os dados divulgados pela “Reuters”, o mercado do gás viu os preços a subir 280% na Europa e a 100% nos Estados Unidos. Agosto e setembro têm sido meses de sucessivos recordes no mercado grossista da eletricidade e gás, tendo forçado os governos do bloco europeu a disponibilizarem milhares de milhões de euros para colmatar a subida dos preços nas contas domésticas.

Em Portugal, o Governo anunciou esta terça-feira uma “almofada” financeira de 680 milhões de euros para impedir a subida da eletricidade regulada em 2022— uma medida que irá abranger mais de 900 mil família — depois de na passada quarta-feira, 16 de setembro, ter-se registado o valor mais elevado de sempre no mercado ibérico: 188,18 euros por megawatt hora (MWh), segundo os dados do regulador ibérico Omie.

E em linha com Portugal está Bruxelas que, segundo a publicação britânica, está pronta para definir quais são políticas quanto ao preço da eletricidade e gás que são permitidas sob a legislação da UE, ainda que a comissão tenha poderes limitados de intervenção para proteger as famílias ou conter a crise que é mais palpável em alguns países do que em outros.

Com o aumento do preço do gás natural e da eletricidade — que, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE) é resultado de variados fatores, como o aumento mundial da procura ou até a diminuição da produção — existe um risco para que as emissões de CO2 voltem a disparar, contrariando os objetivos de redução desses gases estipulados pela Comissão Europeia até 2055.

Os eurodeputados no Parlamento Europeu estão, por isso, a considerar mudanças no plano de Bruxelas de estender o Sistema de Comércio de Emissões da UE (ETS, sigla em inglês) — um sistema de carbon pricing que atribui um preço ao carbono e reduz o limite para as emissões de certos sectores económicos a cada ano da UE —  para os carros e edifícios. Porém, essa medida poderá resultar num aumento dos custos de aquecimento doméstico e gasolina.

A verdade é que o aumento dos custos da eletricidade chegou numa altura pouco oportuna para a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que se prepara para reunir com líderes mundiais na Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas, também conhecida como COP26, em novembro.

Pascal Canfin, eurodeputado francês e chefe do comité do meio ambiente no Parlamento Europeu, contou ao “Financial Times” que o seu grupo centrista Renew Europe está a trabalhar no sentido de “recalibrar” o ETS do bloco para evitar um “coletes amarelos 2.0” — altura em que se assistiu a uma revolta em França contra os aumentos do imposto sobre a gasolina, em 2018.

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