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Aurora alerta que frota eólica envelhecida de Portugal compromete transição energética

Portugal, que possui um dos parques eólicos mais antigos da Europa e a maior participação de energia eólica na sua matriz elétrica, enfrenta desafios no repowering da sua frota eólica, mas também detém um vasto potencial para expandir a produção de energia renovável, salienta o mais recente relatório da Aurora Energy Research.
28 Março 2025, 15h17

O setor de energia eólica onshore em Portugal está a desbravar o caminho na transição energética, contribuindo com 27% do mix elétrico do país em 2024, conforme revela o mais recente relatório da Aurora Energy Research.

Portugal, que possui um dos parques eólicos mais antigos da Europa e a maior participação de energia eólica na sua matriz elétrica, enfrenta desafios no repowering da sua frota eólica, mas também detém um vasto potencial para expandir a produção de energia renovável.

A primeira fase de desenvolvimento de parques eólicos, que ocorreu entre 2005 e 2010, totalizou 4 GW e começará a expirar até 2030. A região de Lisboa, que alberga a frota eólica mais antiga com uma idade média de 18 anos, será a mais afetada, seguida pelo norte e pelo Vale do Tejo. Segundo a Aurora, “desde 2020, o número de novos projetos greenfield tem diminuído, evidenciando a necessidade de repowering”.

Apesar da ocupação das áreas com os recursos eólicos mais favoráveis, principalmente nas regiões norte e centro, o processo de licenciamento simplificado de Portugal permite que projetos de repowering aumentem a capacidade da rede. “O repowering e o overpowering são classificados como modificações não substanciais”, explica a Aurora, ressaltando que esse quadro regulamentar coloca Portugal à frente de Espanha na superação dos desafios do licenciamento.

A geração eólica em Portugal está projetada para atingir 35 TWh até 2030. O relatório indica que, à medida que a frota eólica espanhola, desenvolvida anteriormente, passa por um processo de repowering mais rápido, Espanha poderá exportar temporariamente excedentes de energia eólica para Portugal até à década de 2030. “Entre 2030 e 2035, Portugal passará por uma fase concentrada de repowering, reduzindo a sua dependência das importações espanholas à medida que a produção eólica nacional aumentar”, prevê a Aurora.

A análise revela que o cenário de repowering pode aumentar a capacidade em 20% até 2030, em comparação com um cenário sem repowering. Com um suporte regulatório estratégico e avanços na tecnologia de previsão, a estratégia de repowering de Portugal deverá não apenas impulsionar a geração de energia renovável, mas também reduzir a dependência de importações e reforçar a posição do país como líder em energia sustentável.

Javier Pamos, product manager na Iberia da Aurora Energy Research, sublinha a importância do repowering. “É fundamental para reduzir as emissões e decarbonizar o mix de eletricidade do país. Esta renovação traz benefícios económicos claros para os investidores, e Portugal está a dar o exemplo ao simplificar os processos de licenciamento”. Contudo, alerta para os desafios que se aproximam: “O país precisa de aumentar a sua capacidade de construção para modernizar os parques existentes e construir novas centrais eólicas. Caso contrário, os preços da eletricidade e as emissões poderão subir, colocando pressão sobre o sistema e ameaçando o caminho da transição energética”, realça.

Com o apoio do software Amun da Aurora, que melhora a rentabilidade dos ativos através de fatores de carga mais elevados e poupanças de CAPEX, o repowering na região da Beira está a ser analisado. A Amun concluiu que os projetos que realizarem o repowering mais cedo aumentarão as receitas e reduzirão o OPEX: “Os projetos de repowering antecipado apresentam um NPV e IRR superiores, confirmando que o repowering é mais rentável do que os projetos greenfield”.

 

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