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Autárquicas: Falta de entendimentos à esquerda “prejudicou” o PS, defende Pedro Nuno

Pedro Nuno Santos dá vários exemplos para demonstrar que coligações à esquerda teriam feito toda a diferença no desfecho da noite eleitoral de domingo. Lisboa à cabeça. Se o PCP tivesse aceitado o convite dos socialistas, a presidente da Câmara de Lisboa era Alexandra Leitão e o vice-presidente João Ferreira, diz o antigo líder e responsável pela escolha dos candidatos autárquicos.
16 Outubro 2025, 14h09

Pedro Nuno Santos, ex-secretário-geral do Partido Socialista (PS) e responsável pela escolha dos candidatos autárquicos, defende que não foram os entendimentos à esquerda que ditaram a derrota do partido nas eleições de domingo, mas sim a falta deles, sendo o caso de Lisboa um dos exemplos a prová-lo. “Se o PCP tivesse aceitado integrar a coligação, a presidente da Câmara de Lisboa, hoje, era Alexandra Leitão, e João Ferreira o vice-presidente”, afirmou o antigo líder numa publicação nas redes sociais.

“No rescaldo das eleições autárquicas, uma das conclusões retiradas pela direita, mas também por muitos dentro do PS, é a de que os entendimentos à esquerda são maus para o PS. Uns, fora do PS, porque querem preservar a hegemonia política da direita. Outros, dentro do PS, porque acham que para se ser poder o PS tem de se parecer mais com a direita”, começou por escrever Pedro Nuno.

Para o antigo ministro dos governos de António Costa, e deputado com mandato suspenso, o problema do PS não foram os entendimentos à esquerda, sendo, pelo contrário, a falta deles “o seguro de vida do PSD”.

“Ao contrário do que tem sido dito, não foram os entendimentos à esquerda que prejudicaram o PS. Convém lembrar que só fomos coligados em oito municípios, num total de 308! Foi precisamente a falta deles que nos prejudicou”, sustenta, mencionando alguns exemplos onde essas alianças teriam feito diferença.

No caso de Lisboa, “a CDU teve mais de 26 mil votos, e nós perdemos por 20 mil. Alguém acredita que algum dos que votaram na coligação liderada por Alexandra Leitão deixaria de o fazer se a ela se juntasse João Ferreira?”. Na noite eleitoral, recorde-se, o comunista argumentou que o resultado da coligação PS, Livre, Bloco e PAN foi inferior “à soma das partes” dos resultados obtidos por cada um em 2021.

No Porto, “o PS perdeu por menos de 2.000 votos. Bastava uma aliança com o Livre para termos Manuel Pizarro Presidente, em vez de Pedro Duarte. Alguém acha que perderíamos votos por causa do Livre?”.

Em Braga, “o PS perdeu por cerca de 200 votos. Bastava uma aliança com qualquer um dos três partidos à esquerda para o PS ganhar” Em Sintra, “o PS perdeu por menos de 4.000 votos. Só o PCP sozinho teve mais de 7.000”;  Em Gaia, “o PS perdeu por 7.000 votos. À nossa esquerda, votaram mais de 10 mil cidadãos”.

Clarificando que estas alianças não existiram por razões distintas, nuns casos foi o PS que não quis, noutros porque não foram aceites os convites, Pedro Nuno Santos está certo de que se as coligações à esquerda tivessem sido feitas, “a noite eleitoral teria sido muito diferente e, hoje, a direita estaria a falar mais baixinho”.

“O problema do PS não foram os entendimentos à esquerda; foi, quando muito, a falta deles. Não facilitemos, ainda mais, a vida à direita – que, aliás, ganhou muitas dezenas de câmaras por se ter coligado com partidos…à sua direita. Destas coligações ninguém fala”, conclui.

O PSD venceu as eleições autárquicas de domingo passado, conquistando, sozinho ou coligado, maior número de câmaras (136), contra 127 do PS. Com estes resultados, os socialistas perderam a liderança da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) e da Associação Nacional de Freguesias (Anafre).


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