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Autores e municípios cabo-verdianos promovem morna através de concurso de vozes

O protocolo foi assinado entre o presidente da Sociedade Cabo-verdiana de Autores e o presidente da Associação Nacional dos Municípios Cabo-verdianos. O país apresentou em março do 2018 a candidatura da morna a Património Imaterial da Humanidade.
14 Setembro 2019, 14h57

Os autores e os municípios cabo-verdianos vão promover a morna através de um concurso de vozes destinado aos jovens, numa altura em que esse género musical é candidato a património cultural imaterial da humanidade, segundo protocolo hoje assinado.

O protocolo foi assinado entre o presidente da Sociedade Cabo-verdiana de Autores (SOCA), Daniel Spínola, e o presidente da Associação Nacional dos Municípios Cabo-verdianos (ANMCV), Manuel de Pina, para realizar o primeiro concurso nacional de vozes denominado “Jovens cantam morna”.

O concurso, que terá uma gala final em fevereiro de 2020, vai arrancar com os ‘castings’ em todos os municípios a partir de 03 de dezembro próximo, no Dia Nacional da Morna, data em que nasceu Francisco Xavier da Cruz, mais conhecido por B. Léza (1905 – 1958), considerado um dos maiores compositores do país do género musical.

O protocolo tem como objetivo “estimular a divulgação da música tradicional cabo-verdiana, neste caso a morna, e incentivar o aparecimento de novos talentos, através do concurso”.

As câmara municipais ficarão responsáveis pela realização dos ‘castings’ para escolha de dois representantes para a gala final, que acontecerá na cidade da Praia e será organizada pela SOCA.

O acordo visa ainda a realização de palestras em universidades e em escolas secundárias e uma “Serenata de Luar Claro”, nos jardins da Presidência da República, em parceria com o Instituto do Património Cultural (IPC), com quem a SOCA assinou protocolo semelhante.

Para Daniel Spínola, trata-se de um “protocolo muito importante” para materialização do projeto, que tem como “bandeira” a preservação da morna no quadro da candidatura do género musical a património imaterial da humanidade.

“É com muita satisfação que assinamos este protocolo porque nos vai permitir concretizar e materializar esse projeto. O município vai ter um papel muito importante na fase inicial do concurso, que será o ‘casting’ para termos os candidatos que irão participar na fase final, para a grande gala de apuramento dos três primeiros lugares”, salientou o presidente da SOCA.

O líder associativo disse que o objetivo é incentivar os jovens a cantarem a morna, para haver continuidade e “passar o facho”, por entender que neste momento praticamente os jovens cabo-verdianos não cantam as músicas tradicionais.

“A SOCA tem como objetivo não só promover os direitos de autor, mas também promover a cultura e a música, proteger e defender, e uma forma de defender é lançando esse concurso e ver se os jovens poderão aderir para a morna continuar a ser a nossa grande música e, quiçá, seja património imaterial da humanidade”, projetou Daniel Spínola.

O presidente da AMCV também sublinhou a “grande iniciativa” de promoção cultural, referindo que “Cabo Verde tem de explorar todos os seus produtos com intensidade, com muito afinco e determinação”.

Manuel de Pina entendeu que a envolvência dos municípios no concurso “é mais uma forma de promover” a candidatura da morna a património mundial.

“Da nossa parte, estaremos a incentivar, a apoiar, a dinamizar também, fazer com que tudo seja um sucesso. Podem contar connosco nessa caminhada”, prometeu o também presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande de Santiago.

Cabo Verde apresentou em março do ano passado a candidatura da morna a Património Imaterial da Humanidade, cuja decisão será anunciada na próxima reunião do Comité do Património Cultural Imaterial da UNESCO, a realizar na Colômbia, em dezembro próximo.

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