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Balanço do ano 2020: O meu Bem Haja a todas as crianças!

Os nossos alunos têm sido uns heróis porque, apesar de muitos não perceberem o que se está a passar e o porquê de termos chegado a esta condição de vida, demonstram uma capacidade de adaptação, perseverança e resiliência extraordinária e que deve ser saudada por adultos que não compreendem que as crianças estão a ser dos maiores sacrificados, sendo-lhes cada vez mais vedado o direito a brincar, conviver, explorar, criar, gritar e serem crianças de verdade.
23 Dezembro 2020, 07h15

No artigo deste mês faço o balanço de um ano completamente diferente de todos os outros com uma máxima que muito se apregoa, mas que não se entende o significado, e que eu não me canso de a citar “a educação é a base de desenvolvimento de um País”,  como eu, outros profissionais da área da educação, definimos como causa pessoal, contribuir para cortarmos as amarras de uma educação desatualizada, obsoleta e que não tem nada a haver com os tempos que vivemos.

O ano de 2020 foi o ano que trouxe maiores desafios para atual sociedade, alterando por completo hábitos, rotinas, prioridades e formas de estar na nossa comunidade. Foi com grande expectativa que observei os movimentos do Ministério da Educação e fiquei surpreendido porque em três semanas viraram-se para as novas tecnologias e criaram algumas modificações numa escola de século XIX que, teimosamente, ainda se mantém viva no século XXI. As modificações operadas pelo Ministério da Educação ainda me deram uma ténue esperança sobre a possibilidade de existirem alterações estruturais, mas tudo se manteve na mesma, com a introdução da “telescola” e com uma carga horária desumana de aulas e atividades letivas, que esgotou alunos, encarregados de educação e professores.  Estou crente que este Covid-19 tal como vai deixar marcas profundas na nossa sociedade, também, o vai fazer na educação, deixando a descoberto as debilidades deste sistema educativo e demonstrando que se pode educar de formas bem diferentes e mais adequadas com as necessidades dos nossos alunos.

Os nossos alunos têm sido uns heróis porque, apesar de muitos não perceberem o que se está a passar e o porquê de termos chegado a esta condição de vida, demonstram uma capacidade de adaptação, perseverança e resiliência extraordinária e que deve ser saudada por adultos que não compreendem que as crianças estão a ser dos maiores sacrificados, sendo-lhes cada vez mais vedado o direito a brincar, conviver, explorar, criar, gritar e serem crianças de verdade. O estado de pânico em que os adultos se encontram não pode vedar a condição de se ser criança, fazendo com que o tempo que estas se encontram na escola se sintam cada vez mais isoladas, proibidas de brincar, de conviver, sendo mesmo castigadas por tentarem furar regras doentias. Em casa estão limitadas aos telemóveis, tablets e televisão e, assim, os adultos estão sossegados porque têm crianças controladas, robotizadas, sem criarem grande perturbação, numa “guerra” de adultos descontrolados, egocêntricos, em que as crianças muitas vezes são vistas como uma das faces do problema e não como uma das resoluções para muitas frustrações, ansiedades, inseguranças e incongruências que todos passamos numa pandemia que pouco se sabe e que está a pôr a nu todas as fragilidades da nossa sociedade. Defendo que temos de ter cuidado com esta pandemia, mas também defendo que as crianças têm de continuar a brincar, a estarem cada vez mais ao ar livre, em contacto com o meio natural para assim poderem desenvolver competências motoras, competências sociais e emocionais e valores, que são a base estrutural de um ser humano.

O meu Bem Haja a todas as crianças!!!

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