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Banca portuguesa não segue BBVA no financiamento a 100% da casa

Nos bancos portugueses, só o Novo Banco, para além da hipoteca normal, financia 100% do valor do imóvel, mas só se houver uma segunda hipoteca como garantia. Mas no geral, os créditos à habitação costumam representar entre 60% a 80% do valor do imóvel. O BBVA já oferece mais de 100% do valor do imóvel.
  • Cristina Bernardo
4 Abril 2018, 18h24

Ao contrário do que já está a acontecer em Espanha, com o BBVA, em Portugal, quando alguém recorre ao crédito à habitação, nenhuma instituição bancária lhe irá conceder a totalidade do valor da casa.

Tal como noticiado há uns dias, o BBVA, na sua estratégia de atrair clientes tem promovido a comercialização de hipotecas que cobrem 100% do valor do imóvel, ou mesmo mais de 100% do valor da avaliação da casa. Desta forma, torna-se o primeiro banco que oferece estas condições na Península Ibérica.

Fomos perguntar aos bancos portugueses se tinham políticas de crédito semelhantes, mas no geral os créditos à habitação costumam representar entre 60% a 80% do valor do imóvel, o que significa que o cliente tem de “dar uma entrada” para a compra da casa, ou seja, pagar a restante percentagem necessária para o pagamento do imóvel.

O BCP disse que “estamos a fazer até 80% de LTV”. O Loan-to-Value (LTV) é um rácio (“rácio financiamento garantia”) que corresponde à percentagem a ser pedida aos bancos relativamente ao valor do imóvel. Antigamente, havia LTVs de 120%, atualmente, em regra os bancos definem a percentagem máxima do LTV entre 60% a 80% do valor de avaliação do imóvel. O LTV é a percentagem resultante da fração Montante do Empréstimo/Valor da Garantia.

Por sua vez a Caixa Geral de Depósitos está apenas a conceder 100% de crédito para imóveis vendidos pela própria Caixa (os imóveis em carteira recebidos por incumprimento de crédito). Para os restantes créditos o máximo de LTV é de 90%.

Por seu turno, o Banco Santander Portugal diz que o máximo de rácio financiamento/garantia que pratica é 85%. “O Santander Portugal não tem qualquer intenção de alterar a sua política atual na concessão de crédito, o que aliás, a acontecer, contrariaria recentes recomendações do Banco de Portugal”, revela o banco liderado por António Vieira Monteiro.

O mesmo se passa com o BPI, detido pelo CaixaBank. O banco liderado por Pablo Forero tem como limite um rácio LTV de 80%.

Também o Bankinter responde que dá crédito até um limite de 80% de LTV.

O Novo Banco também tem como limite de financiamentos os 80% do valor da avaliação. Mas tem uma versão relativamente diferente dos seus concorrentes: o banco liderado por António Ramalho tem soluções de financiamento destinadas a clientes que pretendem financiamento até 100% do valor da habitação mas que, não tendo recursos financeiro para dar de entrada, têm uma 2ª habitação que possibilita o reforço da garantia. “Destina-se a a habitação própria permanente, secundária ou arrendamento, com prazo até aos 40 anos (desde que a idade dos titulares não ultrapasse os 75 anos no final do empréstimo). Spreads desde 1,5%”, lê-se no site.  Para estrangeiros não residentes o limite é de 90% do valor de avaliação.

Segundo uma notícia recente do El Economista o primeiro banco que oferece o financiamento a 100% para a primeira habitação é o BBVA.

Esta oferta aplica-se tanto a hipotecas de taxa variável como de fixa. No segundo caso, hipotecas que são encorajadas pelas expectativas de um aumento do preço do dinheiro a partir de 2019, o BBVA oferece Euribor mais um spread de 0,99%, exceto no primeiro ano, se o chamado LTV for inferior a 80%. Se essa percentagem for maior, o spread aumenta para 1,25%. O banco também admite que possam ser encontradas soluções, caso o cliente necessite de um empréstimo maior para a compra de casa, que poderia ser instrumentalizado através da assinatura de um crédito ao consumo ou empréstimo pessoal.

Essa maior flexibilidade na política de concessão de crédito leva, no entanto, a condições de associação mais exigentes. Os clientes, para poderem aceder às vantagens do empréstimo, devem ter contratado não apenas o débito direto da folha de pagamento ou pensão, mas devem ter um seguro de vida, outro de casa e um plano de pensões com uma contribuição anual mínima de 600 euros. No caso de o LTV exceder 100%, o banco poderá exigir garantias adicionais ao apartamento hipotecado, a fim de garantir a recuperação do valor concedido, relata o El Economista.

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