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Banco central alerta para “elevado nível” de crédito em incumprimento em Cabo Verde

De acordo com o relatório de estabilidade financeira, no ano passado o sistema financeiro cabo-verdiano manteve a sua integridade e estabilidade apesar do contexto desfavorável devido aos efeitos da guerra na Ucrânia e à desaceleração da atividade económica global.
21 Agosto 2023, 14h12

O Banco de Cabo Verde (BCV) considerou hoje que o sistema financeiro cabo-verdiano continuou resiliente em 2022, mas alertou para o “elevado nível” de crédito em incumprimento por parte das instituições bancárias.

De acordo com o relatório de estabilidade financeira, no ano passado o sistema financeiro cabo-verdiano manteve a sua integridade e estabilidade apesar do contexto desfavorável devido aos efeitos da guerra na Ucrânia e à desaceleração da atividade económica global.

Em 2022, o BCV constatou que o Índice de Estabilidade Financeira apresentou um desempenho positivo, influenciado pela evolução do índice de robustez bancária, apesar de ter sido afetado negativamente pelos índices de vulnerabilidade financeira e de clima económico externo.

A mesma fonte identificou ainda algumas vulnerabilidades e riscos, entre eles o “elevado nível” de crédito em incumprimento por parte das instituições bancárias, embora a proporção em relação ao total de crédito tenha vindo a diminuir desde o ano de 2017.

“Apesar da tendência de redução da proporção de créditos em incumprimento em relação ao total de crédito, para níveis de um dígito, o rácio em Cabo Verde ainda se mantém acima da média das pequenas economias insulares”, deu conta o banco central.

Segundo o BCV, os níveis de crédito em incumprimento em Cabo Verde continuam a ser mais elevados do que os valores observados nas Maurícias e Seicheles.

“O alto custo do risco de crédito continua a condicionar o nível de intermediação financeira, a solidez e a rentabilidade do setor bancário”, alertou.

Também verificou a forte dependência externa do país, bem como a deterioração da situação financeira do setor não financeiro e o elevado nível de concentração bancária nos mercados de crédito e de depósitos.

Segundo o Banco de Cabo Verde, em 2022 registou-se uma crescente digitalização dos serviços bancários e da oferta de novos produtos financeiros e emergência das alterações climáticas.

“O setor bancário cabo-verdiano foi favorecido pela forte dinâmica da atividade económica nacional, não obstante a inflação elevada e taxas de juro baixas, devido à manutenção da acomodação monetária ao longo do ano”, divulgou o BCV em nota de imprensa.

Durante o ano passado, o banco central verificou que os níveis de capitalização dos bancos foram adequados para enfrentar as incertezas relacionadas à conjuntura interna e externa.

“A qualidade creditícia dos empréstimos manteve uma tendência decrescente desde 2017, e os resultados líquidos dos bancos foram excecionalmente positivos, refletindo o aumento da margem financeira”, completou.

Também notou que os níveis de liquidez do setor bancário permaneceram estruturalmente elevados, com um forte contributo dos depósitos de clientes para o financiamento dos bancos.

“A adequação da liquidez garantiu a absorção de potenciais perdas e o cumprimento dos requisitos regulamentares, mantendo assim a estabilidade financeira”, sublinhou o BCV, que verificou que o exercício de ‘stress tests’ revelou que o sistema bancário ainda mantém uma vulnerabilidade elevada ao crédito setorial.

Quanto ao sector segurador, o regulador voltou a alertar que o risco de interligações com o sector bancário permaneça elevado, mas frisou que os riscos para a estabilidade financeira permanecem baixos.

No mercado de capitais, notou que a valorização significativa das ações das empresas financeiras cotadas em bolsa e a redução das emissões de títulos públicos foram observadas num cenário de recuperação das receitas fiscais e contenção do recurso a financiamento interno pelo Estado.

O BCV recomendou ainda aos bancos que implementem medidas para reforçar a segurança e a integridade dos sistemas de informação devido ao crescente aumento do risco cibernético.

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