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Banco de Inglaterra mantém juros inalterados na última reunião do ano

A decisão era dada como certa pelos mercados face a uma inflação mais persistente e elevada do que se esperava, uma dinâmica agravada pela evolução salarial forte recente.
Alessia Pierdomenico/Reuters
19 Dezembro 2024, 13h23

O Banco de Inglaterra (BoE) manteve esta quinta-feira as taxas de juro de referência inalteradas, em linha com o esperado pelo mercado, fechando o ano com metade dos cortes acumulados quando comparado com os seus homólogos europeu e norte-americano.

A decisão estava completamente incorporada pelos mercados em antecipação, dado que a inflação permanece demasiado elevada para o objetivo de 2% no médio prazo, sinalizando uma pressão nos preços mais duradoura e intensa do que inicialmente previsto. A decisão foi, ainda assim, mas renhida do que o previsto, com seis votos a favor e três a preferirem uma redução de 25 pontos base (p.b.), isto quando na anterior reunião se havia registado uma divisão de 7-2.

Os juros diretores britânicos permanecem assim em 4,75%, um nível ainda consideravelmente restritivo e que deixa as taxas de referência no país bastante acima do registado na zona euro, com 3%, ou nos EUA, com 4,25%. Ambos estes bancos centrais cortaram taxas em 100 p.b. este ano, ao passo que o BoE fecha 2024 com apenas 50 p.b. de reduções.

O banco enfrenta um outlook desafiante em que a inflação continua a preocupar, dada a subida do indicador nominal de 1,7% em setembro para 2,3% em outubro e do subjacente de 3,2% para 3,3%, mas é a dinâmica salarial que mais problemas criará ao regulador. O crescimento dos salários no trimestre finalizado em outubro ficou muito acima do condizente com uma inflação de 2% no médio prazo, com destaque para o avanço acima de 12% em termos anualizados no sector privado.

Além disso, a política orçamental arrisca adicionar mais 0,5 pontos percentuais (p.p.) à inflação do próximo ano, dificultando ainda mais a normalização da política monetária no Reino Unido, alerta uma análise da UBS. Perante este cenário, o governador Andrew Bailey mostrou-se duvidoso da aprovação do documento, sinalizando que o banco central se manterá atento e dependente dos dados macroeconómicos que forem surgindo.

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