Os bancos africanos perderam 5 mil milhões de dólares (4,1 mil milhões de euros) nos primeiros três meses do ano passado, segundo um inquérito de várias entidades financeiras, que salientam o impacto negativo no financiamento do comércio africano.
“As restrições nas condições financeiras causadas pela pandemia de covid-19 levaram a uma saída massiva do portefólio de África, excedendo os 5 mil milhões de dólares no primeiro trimestre de 2020, dos quais 3,1 mil milhões de dólares [2,5 mil milhões de euros] foram retirados da África do Sul”, lê-se no relatório.
O relatório surge de um inquérito enviado a 14 bancos africanos, liderado pelo Banco Africano de Exportações e Importações (Afreximbank), em conjunto com a Comissão Económica das Nações Unidas para África (UNECA) e o Banco de Desenvolvimento Africano (BAD).
O Inquérito sobre o Financiamento Comercial em África, envolvendo 185 bancos que representam quase 60% dos ativos detidos por estas instituições financeiras africanas, mostra que cada vez mais bancos internacionais estavam relutantes em assumir operações de risco em países onde as condições económicas estavam a deteriorar-se.
“Esta saída massiva de capitais drenou os bancos africanos, muitos dos quais registaram fortes quedas dos ativos em moeda estrangeira, o que exacerbou as restrições de liquidez e minou a capacidade dos bancos para financiar o comércio em África”, comentou o presidente do Afreximbank, Benedict Oramah, durante a apresentação do inquérito.
O relatório recomenda um envolvimento maior entre os bancos centrais e a indústria, um conjunto de incentivos à digitalização e a adoção de novas tecnologias, para além de melhor informação financeira, e aponta que os que melhor resistiram à crise foram aqueles que conseguiram apostar rapidamente na digitalização das operações.
De acordo com o documento, o comércio em África representa 1 bilião de dólares, mas os bancos intermediaram apenas 417 mil milhões de dólares (345 milhões de euros), cerca de 40%, enquanto a média global está nos 80%, comprovando a pouca inclusão financeira do continente, conhecido pela alta taxa de economia informal, ou seja, trocas diretas sem intervenção das instituições financeiras.
“O financiamento comercial é o sangue do comércio e vai desempenhar um papel fundamental na recuperação e na transformação estrutural das economias africanas para melhor preparar a região para futuras crises globais”, concluiu o economista-chefe do Afreximbank, Hippolyte Fofack.
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