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Bancos esperam aumento da procura de crédito no 4º trimestre pelas PME e pelo particulares para habitação

As expetativas vão no sentido do aumento da procura de empréstimos por empresas, sobretudo por PME e por empréstimos de longo prazo. Nos particulares, espera-se um ligeiro aumento da procura no segmento da habitação e praticamente sem alterações no segmento do consumo e outros fins.
15 Outubro 2024, 16h19

O Banco de Portugal publicou o Inquérito aos Bancos sobre o Mercado de Crédito de outubro 2024. O inquérito foi enviado aos bancos no dia 9 de setembro de 2024 e o envio de respostas ocorreu até ao dia 20 setembro. A avaliação da oferta e da procura refere-se ao terceiro trimestre de 2024 por comparação com o trimestre anterior. As expetativas referem-se ao quarto trimestre do ano.

Em termos da oferta, os critérios de concessão de crédito ficaram praticamente sem alterações no segmento das empresas e dos particulares para aquisição de habitação e para consumo e outros fins.

Houve uma ligeira diminuição na taxa de juro praticada e no spread aplicado nos empréstimos de risco médio concedidos a PME e condições ligeiramente mais restritivas no que respeita à maturidade nos empréstimos para aquisição de habitação.

Os termos e condições ficaram praticamente sem alterações nos empréstimos ao consumo e outros fins.

No crédito a empresas, a concorrência de outras instituições bancárias contribuiu ligeiramente para a diminuição da taxa de juro e do spread, segundo o BdP.

A proporção de pedidos de empréstimo rejeitados manteve-se sem alterações nos empréstimos a empresas e deu-se um ligeiro aumento nos empréstimos a particulares em ambos os segmentos de crédito.

As expetativas vão no sentido de os critérios de concessão ficarem praticamente inalterados, tanto no crédito a empresas como no crédito a particulares.

Do lado da procura de crédito, o inquérito conclui que a procura de empréstimos por parte de empresas ficou praticamente sem alterações, transversal a empresas de diferentes dimensões e a diferentes prazos do empréstimo.

O recurso à geração interna de fundos como fonte de financiamento alternativa contribuiu ligeiramente para diminuir a procura de empréstimos por empresas, refere o BdP.

A procura de empréstimos por parte de particulares revelou um ligeiro aumento no segmento da habitação e praticamente sem alterações no segmento do consumo e outros fins. O regime regulamentar e fiscal do mercado da habitação e, em menor grau, a confiança dos consumidores contribuíram ligeiramente para o aumento da procura de empréstimos para aquisição de habitação.

As expetativas vão no sentido do aumento da procura de empréstimos por empresas, sobretudo por PME e por empréstimos de longo prazo. Nos particulares, espera-se um ligeiro aumento da procura no segmento da habitação e praticamente sem alterações no segmento do consumo e outros fins.

O Banco de Portugal publicou ainda os resultados de um conjunto de questões adicionais de natureza não permanente.

Sobre o financiamento a retalho e por grosso, nos últimos três meses houve uma ligeira melhoria no acesso a financiamento através de depósitos de curto prazo, títulos de dívida de médio a longo prazo negociados por grosso, titularização de empréstimos a empresas e para aquisição de habitação e na capacidade de transferência do risco de crédito para fora do balanço.

Nos próximos três meses a acesso dos bancos a fontes de financiamento a retalho e por grosso
ficou praticamente sem alterações.

Sobre o impacto de alterações da carteira de ativos de política monetária do BCE, no balanço e situação financeira e na política e volume de crédito, nos últimos seis meses não houve qualquer
impacto.

Para os próximos seis meses é esperado um ligeiro contributo para a redução do stock de obrigações soberanas da área do euro no ativo dos bancos e para a deterioração das condições globais de financiamento no mercado e da margem financeira dos bancos; sem impacto na política e volume de crédito concedido.

Já sobre a terceira série de operações de refinanciamento de prazo alargado direcionadas
(ORPA direcionadas III) há a registar a falta de impacto das operações na situação financeira e na política e volume de crédito nos últimos seis meses.

Para os próximos seis meses espera-se um ligeiro contributo para a deterioração das condições de financiamento dos bancos, nomeadamente através do mercado, e da sua rendibilidade.

Sobre o impacto das decisões sobre as taxas de juro oficiais diretoras do BCE na rendibilidade dos bancos, o que se constata? Nos últimos seis meses houve um ligeiro contributo para o aumento da rendibilidade global dos bancos, por via da margem financeira, decorrente de um efeito preço positivo.

Nos próximos seis meses há a expetativa de um contributo significativo para a redução da rendibilidade global dos bancos, por via da margem financeira, decorrente sobretudo de um efeito preço negativo e, em muito menor grau, de um efeito volume negativo.

Como tem evoluído o acesso ao crédito das PME portuguesas?

O relatório fala de uma comparação entre inquéritos às empresas e aos bancos.

O Banco de Portugal compara o Inquérito sobre o Acesso ao Financiamento das Empresas (Survey on the Access to Finance of Enterprises, SAFE) que questiona as empresas sobre aspetos relacionados com o seu financiamento. com a perspetiva dos bancos sobre o financiamento de empresas, reportada no Inquérito aos Bancos sobre o Mercado de Crédito (BLS).

O SAFE é um inquérito a empresas da área do euro conduzido pelo BCE com frequência trimestral e em cooperação com a Comissão Europeia uma vez por ano.

Do lado da procura, ambos os inquéritos sugerem uma relativa estabilização em 2024, após uma
forte queda em 2023. De acordo com os bancos portugueses, a procura por empréstimos bancários por parte das PME permaneceu praticamente inalterada no terceiro trimestre de 2024,
depois de se ter reduzido ligeiramente nos dois primeiros trimestres do ano e, de forma mais
pronunciada, em 2023.

Do lado da oferta de crédito, as duas perspetivas, das empresas e dos bancos, têm seguido uma
tendência semelhante. Em 2024, ambos os inquéritos apontam para uma estabilização ou ligeira
melhoria nas condições de financiamento. No segundo trimestre de 2024, as PME portuguesas
reportaram um aumento da disponibilidade de financiamento através de empréstimos bancários, enquanto os bancos têm reportado uma estabilização nas condições de aprovação
de crédito às PME desde o terceiro trimestre de 2023, diz o BdP.

Nos dois inquéritos, a melhoria nas perspetivas económicas gerais é um dos principais fatores
a contribuir para a estabilização ou melhoria nas condições de financiamento das PME portuguesas em 2024.

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