Christine Lagarde assumiu a presidência do Banco Central Europeu (BCE) há dez dias e pode já enfrentar um teste: há membros do Conselho de Governadores que querem alterar a forma como o banco central decide o rumo da política monetária, nomeadamente o corte das taxas de juro, noticia o Financial Times, esta segunda-feira.
A sucessora de Mario Draghi irá reunir com o Conselho de Governadores na quarta-feira, tendo convidado os responsáveis dos bancos centrais a apresentar propostas de alteração sobre a formulação da política monetária.
Segundo quatro membros do Conselho de Governadores sinalizaram, ao jornal britânico, que iriam apresentar propostas que vão desde a votação regular sobre as decisões de política monetária, até propor que o presidente do banco central não pré-anuncie os planos de política monetária.
“Penso que é uma boa ideia levantar estas questões desde o início, pois são questões mais técnicas e organizacionais, então vamos colocá-las na mesa e ter uma discussão adequada”, disse um membro do conselho, acrescentando que pretendem “um debate mais aberto e mais consensual”.
Lagarde herdou um banco central dividido sobre as últimas decisões adoptadas pelo Conselho. Em setembro, o BCE anunciou um pacote de estímulos à economia, que incluíram o reiniciar o Quantitative Easing em novembro, com a aquisição de dívida no valor de 20 mil milhões de euros por mês durante o período em que for necessário. Alguns membros do banco central não terão concordado sobre os efeitos positivos das medidas, com as minutas da da reunião a demonstrarem uma divisão no Conselho. Apesar de ter sido aprovada por maioria, muitos membros acreditam que a decisão de comprar ativos no valor 20 mil milhões de euros por mês e sem data final foi prematura.
Na última conferência como presidente do BCE, Mario Draghi, desvalorizou as divergências dos membros do Conselho de Governadores sobre o pacote de estímulos à economia e garantiu que faz parte do debate sobre a tomada de decisões.
“Toda a gente tem discussões, todas as jurisdições têm discussões sobre decisões de política monetária, muitas vezes são tornadas públicas, outras vezes não”, afirmou. “Faz parte do debate”.
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