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BCE deverá manter-se vigilante, à espera de mais informação sobre o impacto da Covid-19

O BCE não deverá anunciar novas medidas depois da reunião de política monetária, que deverão apenas ser anunciadas nas próximas reuniões, em setembro e outubro, quando o banco central dispuser de mais informação sobre o impacto da pandemia na economia da zona euro.
  • Armando Babani/EPA via Lusa
16 Julho 2020, 10h10

O Conselho de Governadores do Banco Central Europeu (BCE) não deverá anunciar novas medidas depois da reunião de política monetária desta quinta-feira. O banco central deverá manter-se vigilante em relação ao desempenho da economia da zona euro, enquanto espera por maior clarividência sobre o impacto económico da Covid-19.

“Existe muito pouca informação para justificar uma alteração”, salientam os analistas do banco holandês ING, numa nota de research. “O impacto exacto na economia no segundo trimestre só ficará mais claro no final do mês com as primeiras estimativas para o crescimento do PIB”, adiantam.

Os analistas do ING argumentam que os dados económicos que serão “a chave” para o futuro do rumo da política monetária.

Por sua vez, Franck Dixmier, global CIO fixed income da Allianz Global Investors (Allianz GI) segue pela mesma linha e, numa nota de research, assinala que o contexto em que se realiza esta reunião de política monetária é “mais calmo” do que o da reunião anterior.

Na última reunião, no início de junho, o BCE reforçou em 600 mil milhões de euros o Pandemic Emergency Purchase Programme (PEPP), o programa de compra de ativos lançado em março para apoiar a economia e os mercados a enfrentarem os riscos que a pandemia causou na zona euro, cujo valor total aumentou para 1,35 biliões de euros.

Além disso, o banco central liderado por Christine Lagarde prolongou ainda o prazo do PEPP até junho de 2021 e sublinhou que vai manter as compras líquidas no programa até julho até julgar que a crise da Covid-19 terminou.

Franck Dixmier argumenta que a retoma da economia, impulsionada pelo consumo, foi mais forte do que o esperado, como PMI da indústria manufatureira da zona euro a alcançar os 47,4 pontos no mês anterior, uma subida oito pontos face a maio. Já o PMI dos serviços atingiu os 48,3 pontos, acima dos 30,5 pontos registados em maio.

Quer os analistas do ING, quer o CIO da fixed income da Allianz GI apontam para as próximas reuniões, nas quais deverão ser decididas novidades sobre a política monetária na zona euro.

“Olhando para depois [desta reunião], permanece a questão de saber se se vai aumentar o volume do PEPP ou se, talvez, lhe seja colocado um ponto final mais cedo do que o esperado. O BCE sempre realçou que o programa seria flexível e que o facto das yields das obrigações da zona euro estarem em níveis pré-crise e a diminuição do ritmo de compra de ativos criou a especulação nos mercados sobre um possível término do programa mais cedo. Na nossa opinião, esta especulação é prematura. O outlook económica na zona euro é incerto demais”, realçam os analistas do ING.

Franck Dixmier antecipa uma eventual “prorrogação do PEPP no outono para responder às consideráveis necessidades de financiamento dos Estados em 2021”, que devem corresponder a 1,1 triliões de dólares em 2021 na zona euro.

O CIO da Allianz GI estima ainda que o PEPP poderá ser prolongado até 2022, numa decisão que deverá ser tomada nas próximas reuniões do Conselho de Governadores do BCE.

“A próxima ‘paragem’ importante para o BCE será nas reuniões de setembro e de outubro, quando teremos informações claras e provas sobre o estado da recuperação”, afirmam os analistas do ING”, frisando ainda que a reunião desta semana será um “teste à capacidade de comunicação de Christine Lagarde: o que dirá ela se não tem nada para dizer?” questionam.

 

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