O Banco Central Europeu (BCE) voltou ao modo defensivo, vendo uma subida considerável da incerteza a toldar as perspetivas de curto-prazo, embora o ambiente comercial e geopolítico global se vá traduzir certamente num choque negativo sobre a procura na moeda única. O impacto sobre a inflação é ainda incerto, mas o banco central garante que agirá com “prontidão” e “agilidade”, segundo a sua presidente, mantendo “mais do que nunca” a dependência dos dados.
A seguir ao anúncio da decisão de voltar a baixar os juros diretores da zona euro em 25 pontos base (p.b.), Christine Lagarde sublinhou o paradigma atual de “incerteza excecional” face às tensões comerciais globais, falando numa necessidade “maior do que nunca” de o banco agir em consonância com os dados que forem sendo divulgados. Segundo a presidente do BCE, a decisão foi “unânime”, apesar de ter sido discutida a possibilidade de um corte de 50 p.b. – possibilidade essa que “não teve o apoio” de nenhum dos membros do Conselho do banco central.
“A nossa política terá de ser definida por dois atributos chave: prontidão […] e agilidade”; explicou, ressalvando que os decisores de política monetária “não estão com pressa” para normalizar.
As tarifas dos EUA, apesar de suspensas no caso da UE, são “um choque negativo sobre a procura”, embora o seu impacto noutras vertentes para lá do crescimento e extensão ainda não sejam claros. Do lado do PIB, o efeito será negativo, mas, do lado dos preços, o impacto líquido só “ficará mais claro com o tempo”.
Ainda assim, e quanto à remoção da expressão “significativamente restritiva” do comunicado do BCE, Lagarde argumentou que essa caracterização deixa de fazer sentido no atual cenário de choques negativos.
“A nossa visão é que a taxa neutra, para lá dos problemas no seu cálculo, funciona num mundo livre de choques. Claramente, não vivemos num mundo livre de choques de momento”, clarificou, classificando qualquer consideração sobre restritividade nesta altura como “irrelevante”.
Ao invés, a presidente do BCE prefere “comentar sobre o objetivo”, e não sobre a direção da política monetária: recuperar a estabilidade de preços com uma inflação em torno de 2%.
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