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BCE mantém postura agressiva e inflação elevada durante mais tempo

As atas da reunião de junho quase garantem nova subida em julho, dado que a inflação continua demasiado elevada e longe do objetivo de 2%. Este alvo pode demorar mais a ser atingido face a uma dinâmica estrutural que resultará numa pressão mais constante nos preços, continuam os responsáveis do BCE.
13 Julho 2023, 14h25

O Banco Central Europeu (BCE) vê nova subida dos juros diretores de 25 pontos base (p.b.) na reunião de julho como praticamente certo, mantendo um discurso agressivo face a uma inflação ainda demasiado elevada, sobretudo olhando para o indicador subjacente.

As atas da reunião de junho divulgadas esta quinta-feira mostram um painel de decisores do BCE ainda preocupados com a pressão nos preços, mesmo com a descida recente no índice de preços no consumidor (IPC). O indicador mantém-se elevado, em especial no que respeita à análise excluindo os bens energéticos e alimentares, ou seja, a inflação subjacente.

Ainda assim, uma boa parte dos membros do comité de política monetária colocaram algumas dúvidas quanto à utilidade do indicador core na avaliação do comportamento dos preços, especialmente considerando o mandato do BCE focado exclusivamente na leitura nominal do IPC. Por outro lado, o indicador nominal continua elevado e reduzi-lo até ao objetivo de 2% pode revelar-se uma tarefa mais difícil do que esperado.

“Neste contexto, foi sublinhado que a previsão de retorno ao objetivo de 2% no final de 2025 pode ser demasiado tarde”, lê-se no documento.

Recorde-se que na leitura mais recente, referente a junho, o IPC da zona euro ficou em 5,5%, uma redução em relação aos 6,1% de maio. Já a inflação subjacente subiu de 5,3% para 5,4%, aproximando-se do indicador nominal.

Perante este cenário, a análise do banco ING considera que “uma subida de 25 p.b. em julho parece um acordo fechado”, mas sem projetar para lá desta reunião. A projeção do banco é que a inflação continue a cair, com uma tendência desinflacionária mais evidente a partir do final do verão, contando com a ajuda do recuo dos preços da energia e do fim dos constrangimentos nas cadeias globais de produção.

Isto, conjugado com a fraqueza mostrada pela economia, deverá resultar num fim de ciclo de aperto monetário em setembro, “embora o BCE possa esperar até dezembro para anunciar formalmente o seu fim”, argumenta o ING.

A revisão das projeções de inflação do organismo para este ano também não irá ajudar neste objetivo, que muito se relaciona com as expectativas dos agentes económicos, defenderam os membros do BCE. A previsão do BCE em junho foi revista em alta de 5,3% para 5,4%, o que poderá desencadear ajustes na curva forward percecionada pelo mercado, defenderam os decisores de política monetária.

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