O Banco Central Europeu (BCE) deve voltar a cortar os juros diretores na zona euro esta quinta-feira, marcando a oitava descida desde o pico de 4,5% e deixando a taxa de referência em 2%, que é o objetivo de médio prazo para a inflação. Nesta mesma linha, o indicador de preços voltou a valores abaixo de 2% na leitura mais recente, algo que não acontecia desde setembro do ano passado, dando força à ideia de que a reunião de julho pode não ver mais alterações – uma visão que tem ganhado força, inclusive entre membros do BCE.
A probabilidade implícita dada pelo mercado a um novo corte de 25 pontos base (pb) está na casa dos 90% e cresceu com a leitura favorável da inflação de maio, que ficou em 1,9%, regressando a valores abaixo do objetivo de médio prazo pela primeira vez em nove meses. Com as taxas já no limite superior do intervalo estimado pelo BCE como representando a taxa neutra – o nível de juros que não estimula nem condiciona a atividade económica –, uma nova descida confirmará ainda mais esta postura monetária.
Isso mesmo destaca a análise da GeneraliAM, que vê “a margem para descidas a encurtar”, mas não projeta que o corte de junho seja o último do atual ciclo. Com a pressão nos preços e nos salários a abrandar, a visão dominante começa a ser a de que o banco central deve aguardar em julho para perceber os reais impactos da política comercial norte-americana, pelo que a expectativa é que “Lagarde irá sublinhar a dependência dos dados e deixar o timing do último corte propositadamente em aberto”.
Também a DBRS Morningstar destaca que os mercados estão a atribuir mais probabilidade a um novo corte em setembro do que em junho, isto quando até há algumas semanas atrás mantinham em aberto a possibilidade de mais três descidas até ao final do ano.
“Na segunda metade do ano, o BCE deve entrar em modo de ‘esperar para ver’. Enquanto os mercados continuam a estimar um novo corte [em julho], a viragem anunciada para uma política orçamental mais expansionista aconselha contra mais alívios monetários”, escrevem os analistas da agência financeira.
A questão tarifária tem bastante peso nesta visão, dada a incerteza que cria e os impactos no crescimento europeu, sobretudo via as exportações e o investimento. No entanto, há dois efeitos a ter em conta: por um lado, o crescimento no início do ano deverá ter sido estimulado por algum ‘frontloading’ dos importadores norte-americanos, o que ajudou a economia europeia; por outro, um acordo comercial com a administração Trump é ainda possível e, caso seja alcançado no verão, impulsionará a atividade na zona euro no segundo semestre, destaca o economista sénior da GeneraliAM, Martin Wolburg.
Junta-se a isto os estímulos orçamentais na Alemanha e a vontade explícita da Comissão e da NATO para que os Estados europeus gastem mais em defesa, dois fatores positivos para o crescimento, acrescenta o banco ING.
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