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BCE: Retoma está em curso, mas zona euro tem ainda longo caminho a percorrer

Os danos causados pela Covid-19 sentir-se-ão durante algum tempo, apesar da estimativa de recuperação aos níveis pré-pandemia de produto já no início de 2022. Novas variantes são um risco e mercado de trabalho é o melhor exemplo dos danos de médio-prazo à economia europeia.
5 Agosto 2021, 18h00

A atividade económica na zona euro deverá retomar o nível pré-Covid-19 já no primeiro trimestre de 2022, aponta o Banco Central Europeu (BCE), mas os danos causados pela pandemia sentir-se-ão durante mais tempo.

No boletim económico publicado esta quinta-feira, a autoridade monetária europeia destaca os sinais animadores recentes referentes à economia da zona euro, sobretudo os máximos registados no índice de gestores de compras (PMI) para o bloco da moeda única, mas reitera preocupações ligadas com novas variantes da doença e com o mercado laboral, lembrando que há ainda menos 3,3 milhões de pessoas empregadas do que no início da pandemia.

A destruição causada no mercado de trabalho é particularmente notória junto de populações mais jovens e com baixos níveis de educação, acrescenta o boletim, isto apesar do decréscimo que se tem verificado no número de pessoas abrangidas por mecanismos de apoio à manutenção do emprego ou face à perda do posto de trabalho.

Adicionalmente, a possibilidade de surgirem novas variantes como a Delta gera incerteza quanto ao curto-prazo e, caso se verifique uma evolução negativa da pandemia, pode significar que sectores como o turismo ou restauração tenham de enfrentar novamente restrições à sua plena atividade.

Apesar disto, a retoma em curso tem significado uma subida do consumo na zona euro, à medida que os consumidores retomam os gastos nos serviços mais afetados pela pandemia. A juntar a este efeito, o aumento de confiança dos agentes leva, no sector empresarial, a um aumento do investimento, o que impulsiona o produto de cada Estado-membro. O BCE ressalva, no entanto, que esta retoma tem sido desigual entre países, o que pode aprofundar o fosso entre as economias europeias.

Relativamente à inflação, a autoridade monetária reconhece pressões para a subida de preços, nomeadamente através do aumento do custo da energia, mas atribui a subida recente no indicador a um efeito base criado pela queda abrupta de há um ano.

Também a fraca dinâmica de crescimento de salários e a performance do euro nos mercados cambiais acaba por conter a tendência de subida de preços, argumenta o banco central. Como tal, este mantém a sua avaliação de longo-prazo para a inflação, apesar de reconhecer uma possível trajetória mais elevada no médio-prazo, especialmente caso os constrangimentos na cadeia de abastecimento se mantiverem.

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