O Banco Central Europeu (BCE) reúne esta quinta-feira e a expectativa quanto a um possível pico nos juros diretores da zona euro está criada, isto apesar das surpresas negativas do lado da inflação. O indicador de preços tem recuado em relação ao pico de 10,6% registado em outubro, mas a economia dá sinais claros e abundantes de estar prestes a entrar em recessão, aprofundando o dilema do BCE após nove subidas consecutivas de juros.
A economia da moeda única até conseguiu evitar a contração até agora, apesar das fracas perspetivas existentes no final do ano passado. Pressionado pela componente energética, o bloco experienciou um aumento significativo e generalizado de preços que obrigou à subida mais agressiva de juros da sua história, algo que começa a pesar na atividade.
Depois de largos meses em contração, a indústria continua com perspetivas altamente negativas, um cenário que começa a contagiar os serviços, segundo os inquéritos privados de gestores de compras (PMI). Ao mesmo tempo, voltam as pressões de preços, com os custos intermédios em ambos os sectores a recuperarem terreno e as expectativas de preços de vendas a ajustarem em alta.
Perante isto, o mercado divide-se, embora a maior fatia dos investidores e analistas antecipe, de facto, uma pausa na escalada de juros. Entre os próprios decisores do BCE, o governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, já se manifestou a favor de uma decisão dessa natureza, ele que mantém das posturas mais dovish entre os membros do painel de política monetária europeia.
Em sentido inverso, os seus homólogos austríaco, alemão, neerlandês e letão já se manifestaram a favor de nova subida dos juros, sublinhando a divisão no seio do BCE e dando um cheiro da discussão animada desta quinta-feira.
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