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BdP estima que moratórias suspenderam pagamento de 11 mil milhões de euros aos bancos

Mário Centeno, governador do Banco de Portugal, sinalizou que o regime das moratórias em vigor, com prazo até setembro de 2021, não causam um “problema” para os bancos porque os depósitos aumentaram. Mas alertou que é preciso ter em consideração o risco do aumento do malparado.
  • Flickr/MATT WRITTLE
27 Janeiro 2021, 23h49

A banca portuguesa deixou de receber 11 mil milhões de euros entre março de 2020 e setembro de 2021, meses que marcam, respectivamente, o início da vigência das moratórias bancárias e o prazo final para serem pedidas.

O número estimado foi avançado esta noite pelo governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, que foi entrevistado no programa da RTP3, “A Grande Entrevista”.

“A nossa estimativa é que o conjunto de pagamentos de serviço de divida é de 11 mil milhões de euros que deixaram de ser pagos neste período, até setembro de 2021, mas que vão ter que ser pagos depois”, disse o governador do BdP.

Centeno adiantou ainda que, até setembro deste ano, o facto de os bancos deixarem de ser pagos pelas prestações dos empréstimos que foram alvo de moratória “não causa problema nenhum” às instituições de crédito. “Não causou em 2020 e não vai causar em 2021, face à solvência e à liquidez dos bancos”, adiantou.

Além disso, Mário Centeno lembrou que “a poupança cresceu em Portugal” tendo passado de “7% para 13,4%”, segundo a última estimativa do regulador.

O aumento das poupanças, traduzido no aumento dos depósitos, aconteceu quer por parte das famílias, quer por parte das empresas. “Os depósitos das empresas no sistema bancário cresceram mais de 10% em relação a 2019, o das famílias 7,3%. Esta almofada financeira existe, foi criada e está para fazer face à crise e ao período de recuperação que aí vem”, frisou Mário Centeno.

No entanto, depois de setembro de 2021, o sistema bancário corre o risco de ver um aumento do malparado. “O problema que pode ter é que quando terminarem acordarmos para uma realidade de malparado, é esse o risco. Na verdade o que estamos a falar é de projetos empresariais e familiares e estamos a transladar o pagamento a ocorrer entre março de 2020 e setembro de 2021 mais para a frente”, explicou o Governador.

Por isso, reforçou que “temos de acompanhar a capacidade destas empresas e famílias em  voltarem a fazer face a estes pagamentos depois de 2021, e esse é o maior risco. Mas os indicadores, as empresas que têm moratórias, têm depósitos no sistema bancário de 20% do valor em moratória. Existe uma almofada agregada”.

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