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Berardo disse que a CGD nunca lhe pediu comprovativo da fortuna pessoal

Joe Berardo está a ser ouvido na comissão parlamentar de inquérito à Caixa Geral de Depósitos. O empresário deve 962 milhões de euros à banca nacional.
10 Maio 2019, 16h04

O PS está a questionar Joe Berardo sobre os processos da Metalgest e da Fundação Berardo. “O que está aqui em causa são estes dois processos que figuram no topo 25 dos créditos ruinosos” identificados pela EY na auditoria feita ao banco público entre 2000 e 2015, disse o deputado socialista.

Estes dois créditos totalizaram 350 milhões de euros e geraram 150 milhões, registadas nas contas do banco público em 2015.

Berardo assinalou que ficou desagrado com uma conversa que teve com Jardim Gonçalves que, estava no Banco Atlântico, que estava à procura de informações privilegiadas para formar outra instituição. “Com homens destes eu não me quero meter”, disse o empresário madeirense.

Pitta Ferraz propôs depois a Berardo que comprasse obrigações da Metalgest. “Anos depois, foram convertidas, mas eu vendi tudo, porque não estava a gostar da forma como aquilo estava a andar”, disse Berardo. “Fiz dinheiro”, adiantou.

“Se quiserem um dia, que contasse as minhas histórias do passado, teria muito gosto. Sou disléxico e tenho dificuldades às vezes com algumas coisas”, ressalvou o empresário madeirense.

O deputado do PSD quis saber quem foi bater à porta de Berardo para lhe dar crédito da CGD. “Está escrito que foi a Caixa Geral que propôs o negócio a nós”, diz Berardo. O PSD questionou: “então foram bater à sua porta, da Caixa? Quem?” E a resposta foi “Cabral dos Santos” (diretor da Caixa Geral de Depósitos). “Enquanto português, eu tentei ajudar os bancos a certa altura”, diz Berardo.

O PS voltou à carga e perguntou como é que Joe Berardo entrou no BCP, através da Metalgest, nomeadamente, “quem é que foi à sua procura” para esta operação de financiamento? Quem sugeriu o financiamento para comprar ações do BCP? Berardo? Cabral dos Santos?

“Quando eles nos vieram falar connosco, nós fizemos uma proposta a eles. E depois eles fizeram uma contraproposta dois ou três meses depois”. E quem sugeriu o financiamento para comprar ações do BCP? Berardo? Cabral dos Santos?

“Quando eles nos vieram falar connosco, nós fizemos uma proposta a eles. E depois eles fizeram uma contraproposta dois ou três meses depois”, diz Berardo.

“Eu tinha reuniões…quando uma pessoa faz negócios…Foi o Filipe Pinhal”, disse. “Eu acho que foi o Pinhal que organizou” que os contactos fossem feitos, com vista ao investimento no BCP.

O PS não recuou e salientou que é importante para a comissão parlamentar de inquérito saber quem é que deu o primeiro passo e perguntou, dentro da CGD, com quem é que o comendador se relacionava.

“Eram financeiros. Era almoço, era falar de negócios, essas coisas…”. “Um está na América”, frisou.

Quando questionado sobre os nomes, Berardo disse que pode “tentar ver as datas em que isso aconteceu e dar-lhes os nomes”.

Berardo referiu que “não tinha um negócio” apenas, e que “tinha muita gente” a tratar deles. Assim, teria de ir verificar para responder às perguntas colocadas pelos socialistas.

O deputado insistiu em tentar saber se a CGD pediu um aval pessoal a Joe Berardo por ocasião do primeiro empréstimo. “O que havia na altura, era o aval. E, depois, dispensava-o”, retorquiu Joe Berardo. “A fundação não deu aval. Não foi acordado (…), foi dispensado”, respondeu o empresário.

“Foi-lhe solicitado algum documento que fosse comprovativo da sua fortuna pessoal?”, perguntou o deputado do PS. “Não”, respondeu Berardo.

O PSD quis ainda saber sobre a reunião no Banco de Portugal, em dezembro de 2007, em que se discutiu a mudança de administração do BCP. “Eu estive presente em diversas reuniões com o Banco de Portugal a alertar para as situações, para a crise que havia. O Banco de Portugal foi… alertei para diversas situações, depois de ter investido [no BCP]”, disse Berardo.

“O Banco de Portugal recusou que o nome de Filipe Pinhal liderasse uma lista e comunicou aos acionistas (portugueses) que tinham mais de 2% que propusessem um nome. Aí, Carlos Santos Ferreira surgiu como o nome consensual”. Todos concordaram… BPI, EDP, Teixeira Duarte. Jardim Gonçalves etc…

“Não faz sentido” sugerir que o nome de Carlos Santos Ferreira já estava escolhido antes dessa reunião.

(atualizada)

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