Quando Bernie Sanders iniciou a campanha para as primárias do Partido Democrata, no dia 2 de março, fez uma promessa: que venceria o Presidente Donald Trump, que qualificou como “a pessoa mais perigosa da história moderna” dos Estados Unidos. Perante milhares de seguidores que marcaram presença no lançamento da campanha, no campus da Universidade de Brooklyn, em Nova Iorque, onde o senador começou os seus estudos superiores, acrescentou que não cederia “um só estado a Trump”.
Neste primeiro comício da segunda tentativa de ser o candidato democrata à presidência, Sanders, de 77 anos, adotou uma estratégia diferente. O candidato disse que os eleitores “têm o direito de saber” as suas origens, “porque a história familiar influencia obviamente os valores que desenvolvemos quando somos adultos”. “Não venho de uma família privilegiada que me preparasse para o entretenimento televisivo, para dizer a trabalhadores ‘estás despedido’”, acrescentou.
Sanders falou ainda do pai, judeu que saiu da Polónia aos 17 anos para os Estados Unidos, e cuja família “Hitler e a barbárie nazi fizeram desaparecer”. Sobre a mãe, cujo sonho era ter uma casa, recordou que, apesar de não ser pobre, “a falta de dinheiro era um motivo constante de ansiedade na família”. “Vivia num apartamento T1+1 com renda controlada”, contou. “Fui educado em escolas públicas de grande qualidade”, lembrou.
O senador independente pelo estado de Vermont é um dos nomes com maior popularidade entre os inúmeros candidatos democratas à nomeação para concorrer contra Trump nas eleições de 2020.
Recorde-se que Sanders foi já candidato à nomeação democrata para a presidência dos Estados Unidos, em 2016, corrida que acabaria por ser ganha pela ex-senadora e ex-secretária de Estado Hillary Clinton, que acabaria por perder para Donald Trump.
Na sua agenda política reúne um conjunto de propostas progressistas para expandir os serviços de saúde, ampliar a rede de segurança social e tornar o ensino superior gratuito – medidas que têm sido adotadas por muitos membros do Partido Democrata. As políticas que Sanders defendeu continuam as mesmas: saúde para todos, salário mínimo de 15 dólares por hora, universidades públicas sem propinas. Denunciou as políticas de empresas como a Amazon, Netflix e General Motors. Segundo o site “Politico”, é de esperar que Chuck Rocha, conselheiro político que já trabalhou com Sanders em 2016, volte a colaborar com o senador. Aliás, nas eleições anteriores, o tema central da sua campanha foi a luta contra as desigualdades. “Devemos criar uma economia que funcione para todos, não apenas para os muito ricos” e “esta grande nação pertence ao povo e não a uma mão cheia de bilionários”, disse em várias ocasiões. Por isso, quer taxar as maiores fortunas (incluindo gestores de “hedge funds”, especuladores em Wall Street e grandes empresários).
Agora, no primeiro dia de donativos, Sanders angariou mais de quatro milhões de dólares através de 150 mil doadores. De acordo com a CNN, chegaram doações de todos os 50 estados norte-americanos.
Na segunda tentativa para chegar à Casa Branca, Sanders garante que “agora é o momento para completar a revolução [política iniciada em 2016] e implementar a visão pela qual se lutou”. A senadora Elizabeth Warren foi a primeira a lançar-se numa corrida no lado dos democratas norte-americanos. O anúncio da senadora do Massachusetts chegou num vídeo, enviado por e-mail às primeiras horas da manhã da véspera de Ano Novo.
Donald Trump chama-a regularmente de “Pocahontas”, após uma controvérsia sobre as suas longínquas origens ameríndias. Sobre a candidatura de Bernie Sanders, a reação do presidente norte-americano foi imediata. Numa mensagem na rede social Twitter, saudou a entrada na campanha do senador independente, a quem chamou de “Bernie louco” e desejou-lhe “o melhor”.
Artigo publicado na edição nº1979 de 8 de março do Jornal Económico
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