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BiG corta avaliação e preço-alvo das ações da Navigator

Numa conference call com analistas, a cotada afirmou estar confiante em novos aumentos dos preços por ver flexibilidade nos clientes para que tal aconteça em 2019. No entanto, o aumento de custos da energia irão penalizar as contas.
5 Novembro 2018, 07h25

O aumento dos gastos com energia esperados vão ter um impacto nas contas da Navigator, que já se está a fazer sentir. Apesar da subida de 18% nos lucros, para 172 milhões de euros, no terceiro trimestre do ano em comparação com o homólogo, a empresa foi alvo de um corte na avaliação e preço-alvo pelo BiG – Banco de Investimento.

“A nossa avaliação para a Navigator foi reduzida em 8%, com a contabilização das menores margens de EBITDA [resultado antes de impostos, juros, depreciações e amortizações], devido aos maiores preços de energia. A nossa nova meta de preço por ação é, portanto, de 5,92 euros”, refere a nota de research, a que o Jornal Económico teve acesso.

A meta representa um potencial de upside de 42% face ao preço de fecho das ações – 4,17 euros – desta sexta-feira. A decisão foi tomada depois da apresentação de resultados, na semana passada, quando  a Navigator alertou os analistas que, em 2019, os preços mais elevados da energia terão um impacto negativo significativo nas margens da empresa.

“Para ajustar este efeito, as estimativas de margem EBITDA do BiG foram reduzidas em 2% por cada ano em comparação com o nosso modelo anterior. O ajustamento teve, consequentemente, um impacto negativo na nossa avaliação final da empresa”, explica  anota.

Clientes flexíceis para nova subidos preços do papel

O resultado líquido da Navigator subiu 18% nos primeiros nove meses do ano para 172 milhões de euros, enquanto o EBITDA cresceu 14% para 341 milhões de euros, segundo dados comunicados na semana passada à CMVM. A empresa acrescentou que a evolução positiva dos preços permitiu compensar a perda de volume disponível para venda devido às paragens de manutenção programadas e não programadas nas suas fábricas.

Novas subidas poderão voltar a beneficiar já que, na conference call com os analistas, a Navigator afirmou estar confiante em novos aumentos dos preços – por ver flexibilidade nos clientes para que tal aconteça em 2019 -, e esperar uma estabilização do preço da pasta.

Por outro lado, o impacto do furacão Leslie, já no quarto trimestre do ano, poderá ter efeitos negativos nas contas da cotada. Tal como já tinha informado em comunicado à CMVM, a Navigator estima que a suspensão da produção na fábrica da Figueira da Foz ao longo de uma semana tenha causado uma perda de cerca de cerca de nove mil toneladas de pasta e 10 mil toneladas de papel.

“Para o quarto trimestre, estimamos um aumento de 12% nas vendas totais em relação ao trimestre anterior para 486,9 milhões de euros, um EBITDA de 123,8 milhões de euros e um resultado líquido de 74,2 milhões de euros. Isto reflecte uma diminuição do volume de vendas de pasta para 59 mil toneladas, um aumento no papel para 420 mil toneladas e para 20,3 mil toneladas de produtos de papel”, afirmou o BiG.

Maior exposição ao segmento ‘tissue’

O BiG acrescenta ainda que a Navigator afirmou aos analistas pretender começar uma revisão estratégica do negócio no próximo ano. “Não há grandes investimentos planeados, mas a empresa sinalizou que pode estar interessada em aumentar a exposição ao segmento de tissue“, afirmou.

No terceiro trimestre do ano, o segmento de papel representou 74% do volume de negócios da Navigator, que atingiu os 926 milhões de euros. A energia representou 10% (127 milhões), a pasta cerca de 9% (115 milhões) e o negócio de tissue 5% (65 milhões).

O aumento da exposição poderá vir a ser conseguido através da aquisição, por exemplo, de uma instalação de conversão na Europa, o que permitiria à empresa transportar bobinas gigantes para serem transformadas em produtos de papel.

“No entanto, a empresa quer primeiro testar o retorno do mais recente projeto de tissue em Cacia, antes de decidir novos investimentos”, acrescentou o BiG, sobre a fábrica de tissue da Navigator que está ainda em construção, em Aveiro.

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