Vários grupos de ativistas para o clima, incluindo a Greenpeace e o multimilionário Chris Larsen, estão a lançar uma campanha “Change the Code, Not the Climate” (“altera o código, não o clima”), destinada a pressionar a comunidade da Bitcoin a alterar a forma como as transações são processadas que já consomem tanta energia como a Suécia. Em cinco anos, a Bitcoin pode vir a consumir tanta energia como o Japão, disse Larsen numa entrevista.
De acordo com a “Bloomberg”, a campanha quer anunciar nas principais publicações americanas durante o próximo mês. A Greenpeace, o Grupo de Trabalho Ambiental e alguns grupos ativistas locais que lutam contra os ‘miners’ de Bitcoin também estão a mobilizar os seus milhões de membros para o esforço conjunto.
“Estamos nesta campanha a longo prazo, mas esperamos — especialmente porque a Bitcoin está agora a ser financiada por entidades e indivíduos que se preocupam com as alterações climáticas — que possamos obrigar a liderança da criptomoeda a concordar que este é um problema que precisa de ser resolvido”, disse Brune, que é um antigo CEO do Sierra Club antes de se demitir no ano passado.
A campanha conta com vários fatores para ajudar à causa: há uma frustração crescente em algumas comunidades nos EUA onde há agora um grande número de ‘miners’ que, de acordo com a “Bloomberg” estão a incomodar a população com o ruído excessivo. Depois da China proibir o ‘mining’ de criptomoedas no ano passado, houve um grande fluxo de entrada de ‘miners’ nos EUA.
A principal rival da Bitcoin, a Ethereum, está a preparar-se para uma grande alteração de software que tornará a criptomoeda mais amiga do ambiente. Tal como o Bitcoin, está atualmente a explorar servidores para processar as transações através de um processo chamado ‘Proof of Work’. Mas, dentro de meses a Ethereum poderá mudar para um método diferente, chamado ‘Proof of Stake’, que se acredita que poderá reduzir o consumo de energia da criptomoeda em 99%.
As preocupações ambientais da Bitcoin surgiram no ano passado, quando Elon Musk disse que a Tesla, depois de aceitar que os seus clientes pagassem com a criptomoeda, voltou atrás e disse que só voltaria a aceitar a Bitcoin como pagamento, depois de pelo menos 50% do ‘mining’ depender de energias renováveis.
Larsen disse que o problema de consumo de energia da Bitcoin poderia ser corrigido através de um ‘Hard Fork’ ou um ‘Soft Fork’, ambos alteram o código da rede para tornar o Bitcoin com dependente de energia. Um ‘Soft Fork’ preservaria a Bitcoin como uma única blockchain. Um ‘Hard Fork’ dividiria a Bitcoin em duas redes separadas, com diferentes códigos.
A campanha acredita que cerca de 50 ‘miners’ importantes, plataformas de compra e venda de criptomoedas e outros importantes membros da comunidade da Bitcoin, têm o poder de mudar o código de Bitcoin.
Há dúvidas se esta campanha pode atingir o objetivo a que se propôs. Os ‘miners’ de Bitcoin, que ganharam mais de 15 mil milhões de dólares no ano passado, de acordo com os dados do The Block Research, teriam de ter um grande incentivo para mudar.
A mudança para a ‘Proof of Stake’ é tecnologicamente complexa, e a Ethereum demorou anos a desenvolver e a testar o código necessário para a mudança. Talvez o mais importante, uma grande fatia da comunidade Bitcoin não está com vontade nem interesse na mudar o sistema criado por Satoshi Nakamoto.
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