Black Friday “não significa literalmente preços baixos”, destaca docente do IPAM

Durou quase todo o mês mas oficialmente, só acontece esta sexta-feira. O último dia útil de novembro chegou, altura em que as retalhistas celebram, com promoções infindáveis, o grande evento de compras do ano. A Black Friday é um dia de grande azafama e com muitas transações, um dia que muitos consumidores encaram como uma oportunidade única.

Mas será que este dia constituí um raro momento para poupar dinheiro. Ao JE, a docente Mafalda Ferreira, do IPAM, explicou o que torna este dia tão apelativo para as pessoas, e se realmente ainda compensa fazer compras neste dia.

Qual o motivo que leva as pessoas a comprarem nesta data?

A Black Friday mobiliza os consumidores por ser entendida como uma oportunidade única, temporalmente delimitada, de comprarem produtos a um preço apelativo. Junta-se a percepção de oportunidade a limitação temporal, reforçadas por campanhas intensas com notificações constantes. Para um número alargado de consumidores há uma ritualização associada a este momento de consumo.

Qual é o impacto económico que esta data já tem?

A Black Friday é, claramente, um dos maiores picos de consumo anual, ultrapassando, para algumas categorias de produtos, as épocas festivas. Segundo dados recentes de plataformas de pagamento e e-commerce os dias de Black Friday movimentam milhões de euros adicionais em vendas. No retalho tecnológico, eletrodomésticos, moda e beleza a Black Friday tem um impacto significativo na faturação das empresas.

Ainda compensa fazer compras nesta altura?

Se o consumidor analisar preços e efetuar uma monitorização dos preços antes dos dias promocionais, pode efetivamente encontrar promoções relevantes. É importante que seja claro que a Black Friday não significa literalmente preços baixos, razão pela qual os consumidores devem efetuar uma análise cuidada dos preços que lhes estão a ser apresentados.

Como é que as marcas devem olhar para este dia? Em que devem apostar mais?

As marcas devem olhar para a Black Friday de forma estratégica, uma vez que estes eventos podem impactar a diferentes níveis na relação estabelecida com os consumidores.

Do meu ponto de vista as marcas devem apostar na fidelização dos clientes que captam com estes momentos promocionais, recolhendo informação que lhes permita customizar e personalizar a sua relação com segmentos específicos. Devem apostar na experiência do cliente, por exemplo com logística eficiente, transparência nos descontos, dinâmicas no ponto de venda, entre outros. Paralelemente, e de forma estruturante, as marcas devem trabalhar a confiança dos consumidores, reforçando a credibilidade e a clareza na comunicação.

E os consumidores, que tipo de abordagens devem ter a este dia?

Os consumidores devem analisar racionalmente as opções disponíveis. É importante uma análise cuidada dos preços e dos descontos efetuados, acompanhando as alterações de preços.

Numa perspectiva de gestão eficaz de orçamentos pode ser interessante efetuarem uma lista de compras, comparar preços e evitar as compras por impulso.

Considera que este dia tem uma tendência de render mais do que o Natal ou outra época festiva do ano?

O Natal é uma época em que o consumo tem uma dimensão emocional e simbólica importante, razão pela qual continua a gerar compras diversificadas. A Black Friday tem importância no cenário de consumo, sendo claro que muitos consumidores antecipam as compras de Natal, aproveitando os ambientes promocionais da Black Friday.