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Blackout? Há quem esteja a apontar o dedo às centrais solares espanholas

Promotor de energia solar aponta que novas centrais solares em Espanha desestabilizaram a rede. Defende por isso, mais baterias nestas centrais. “Caso contrário, mais apagões solarengos pela frente”.
29 Abril 2025, 10h01

“Apagão solarengo”. É assim que um promotor português de energia solar descreve o blackout que teve lugar na segunda-feira. Num dia de muito sol com muita energia a ser produzida, a rede colapsou.

Raul Assunção, CEO da Nenuphar Advisors, que desenvolve centrais solares, deixou algumas pistas sobre o “tremor de terra energético” que abalou ontem a Ibéria e apontou o dedo às novas centrais solares espanholas como causadoras do blackout na Península Ibérica.

Começa por destacar saque pelas 11h35 de Portugal, o sol brilhava no corredor Madrid-Sevilha, com temperaturas entre 20º a 28ºC, com 20 gigawatts de energia solar fotovoltaica a “bombar em pleno”.

“Muitas centrais solares, recentemente concluídas, correram para entrar em operação e vender eletricidade”, disse o gestor, referindo-se a estes promotores como os “novos miúdos na rede”.

Mas os “novos” inversores GFM – que devem garantir a estabilidade da rede – “começaram a estabelecer a sua própria voltagem e frequência”, mas não conseguiram estabilizar a voltagem propriamente quando o consumo mudou”.

Depois, a “velha guarda ficou confusa”: “as centrais tradicionais – fotovoltaicas mais antigas, nuclear e hidroelétricas – não sabiam que referência seguir. Caos na voltagem (…), rede desequilibrada”.

“Sarilhos a dobrar”: “Menos nuclear do que o habitual (manutenção)” e “gigawatts de solar fotovoltaica a estabelecerem uma voltagem diferente”.

A “geografia faz a diferença”: “a Península Ibérica é como uma ilha elétrica, com interligações muito limitadas ao resto da Europa, o que significa menos rotas de escape quando surge instabilidade”.

O promotor deixa as suas sugestões sobre como o problema pode ser resolvido: “Precisamos de BESS forte [baterias] integrados nestas novas centrais fotovoltaicas, atuando rapidamente e inteligentemente como amortecedor: apoiando a frequência, estabilizando a voltagem, absorvendo o excesso de potência ou injetando quando necessário em milissegundos”.

Raul Assunção defende que a junção de solar fotovoltaica com baterias blinda as redes destes problemas. “Caso contrário, mais apagões solarengos pela frente”.

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