A BlackRock divulgou as suas Investment Directions para o segundo trimestre de 2025 — Exposures for today’s markets. Trata-se de um relatório trimestral onde a gestora partilha as suas perspetivas globais de investimento, fornecendo orientação estratégica a consultores financeiros, investidores institucionais e gestores de patrimónios sobre como posicionar os seus portfólios face ao atual contexto económico e de mercado.
No relatório de Primavera/Verão de 2025, a BlackRock destaca que a incerteza política tem influenciado os mercados de forma invulgar em 2025, com oscilações de sentimento entre diferentes classes de ativos e regiões. “Estamos a preparar-nos para navegar pela volatilidade persistente, mas também a procurar oportunidades para captar o lado positivo – incluindo repensar as carteiras para diversificar e aumentar os retornos potenciais”, refere a gestora de ativos liderada por Larry Fink.
“Acreditamos que esta incerteza deverá persistir, sobretudo em torno da política comercial – embora antecipemos que o processo de decisão política acabará por colidir com limitações económicas que restringem o âmbito do que é viável. Ainda não é claro de que forma estas políticas irão impactar o crescimento e a inflação, embora uma recessão nos EUA não possa ser descartada. Ao mesmo tempo, os fundamentais permanecem resilientes – e existem amplas oportunidades de gerar alpha, especialmente numa perspetiva para além do curto prazo”, refere a BlackRock.
A gigante norte-americana destaca “oportunidades em diversas classes de ativos e estratégias para a Primavera e o Verão de 2025, todas enquadradas por uma visão estruturada sobre como posicionar os portfólios face aos mercados atuais”.
Assim, num ambiente de maior volatilidade e incerteza, “mantemos a exposição a ações, gerindo os riscos de curto prazo enquanto procuramos oportunidades com uma perspetiva de longo prazo”.
“Reforçamos a aposta na Europa, à medida que o capital é redirecionado para a região, focando-nos na gestão da volatilidade e do risco de correção, e posicionando os portfólios para beneficiar de vencedores a longo prazo”, refere.
A BlackRock diz que com os bancos centrais dos mercados desenvolvidos – em especial o dos EUA – a manterem taxas elevadas por mais tempo neste ciclo, e com maior volatilidade nas maturidades longas, os investidores procuram alternativas fora dos benchmarks tradicionais de rendimento fixo (obrigações). “A nossa abordagem passa por sermos mais seletivos no universo euro investment grade e por privilegiar produtos de maturidade fixa, de forma a garantir rendimentos atrativos”, defende.
Uma perspectiva divergente de crescimento e inflação na Europa e nos EUA, com dados macroeconómicos divergentes nos Estados Unidos, reacendeu os receios de estagflação, segundo a BlackRock. “A inflação nos EUA poderá manter-se elevada, mesmo num cenário de abrandamento económico”, considera a gestora de ativos. “Para mitigar esse risco, recorremos a obrigações indexadas à inflação (linkers) e ouro. Vemos também valor em reduzir a exposição ao beta de mercado e em diversificar as fontes de risco e retorno através de alternativos líquidos, num ambiente em que as correlações tradicionais se revelam menos fiáveis”, revela.
A gestora de ativos recomenda reconfigurar o portfólio de investimentos para potenciar retornos. “Procuramos potenciar os retornos através de uma maior integração entre os mercados públicos e privados, e identificamos novas oportunidades de diversificação com a incorporação de ativos digitais”, refere.
A BlackRock aponta oportunidade na Europa, “a realocação de capital já está em curso, mas com o crescimento a abrandar e a dispersão a aumentar, uma abordagem selectiva pode ser fundamental”, defende.
“Acreditamos que esta realocação representa uma grande oportunidade – embora a escalada comercial continue a ser um risco, dada a elevada exposição das ações europeias às receitas de vendas internacionais”, refere.
A gestora de ativos defende a construção de uma “defesa em ações dos EUA e globais”.
“Inclinamo-nos para a baixa volatilidade e alta qualidade, e gerimos o risco de downgrade através de estratégias de alto rendimento”, refere.
Navegar pela incerteza também significa estar pronto para aumentar o risco, assim a BlackRock diz que procura oportunidades a longo prazo em pontos de entrada atrativos.
“Vimos o capital começar a fluir de volta para a Europa este ano, depois de o portefólio médio de clientes da EMEA ter aumentado gradualmente a sua ponderação para as ações dos EUA ao longo de 2024. Os investidores da EMEA venderam ETPs de ações dos EUA de fevereiro a abril até à data, enquanto compraram ações europeias durante o período”, refere a gestora de ativos.
Embora os fluxos de ações europeias tenham normalizado em relação aos níveis recorde do início deste ano, 2025 até à data já é o maior ano de entrada de ETPs de ações europeias a nível global (47 mil milhões de dólares) desde 2015 (78,3 mil milhões de dólares).
Olhando para o private equity, historicamente, o desempenho superior desta classe de ativos tem sido mais forte durante períodos de volatilidade, uma vez que as empresas detidas por private equity podem beneficiar de melhorias operacionais, entre outras. “A nossa equipa de Private Equity vê oportunidades em ativos de alta qualidade — empresas com forte poder de determinação de preços e bases de clientes estáveis e fiéis — bem como em ativos secundários, onde a deslocação do mercado levou historicamente a descontos cada vez maiores”, refere.
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